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Bora lá Viajar!

"Traveling – it leaves you speechless, then turns you into a storyteller"

Qua | 02.09.20

Gerês // Roteiro de 4 dias

Joana Lameiras

A caminho da cascata Ermida.jpg

 

Para terminar o meu verão de 2020 em grande, eu e mais quatro amigos da faculdade decidimos ir explorar uma parte do nosso país que nenhum de nós conhecia - o Parque Nacional Peneda-Gerês. Depois de fazer tanta praia este ano (muito mais do que é costume), apetecia-me estar no meio da natureza, do verde, das árvores, dos rios. E foi mesmo isso que aconteceu. O Gerês conseguiu exceder as minhas expectativas com a sua beleza natural, as cascatas incríveis, trilhos para os mais aventureiros e vistas fenomenais. Desde o momento em que lá meti os pés que soube que ia adorar a viagem e não me enganei!

Este roteiro é de 4 dias, apesar de ter lá passado um total de 5. Isto é porque o primeiro e último dia foram passados essencialmente em viagem e a arrumar/desarrumar tralha, pelo que não os aproveitámos como deve ser. No entanto, acabámos por ver duas zonas das quais gostámos muito, e por isso decidi incluí-las no post. Deixo a dica de combinarem aquilo que vi no primeiro e último dia em um só, porque vale a pena!

 

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   ALOJAMENTO

 

Ficámos alojados no Lima Escape, também conhecido pelo Parque de Campismo de Entre Ambos-os-Rios, localizado numa península dos rios Lima e Tamente. Fizemos campismo numa grande tenda com três quartos e gostámos da experiência. O parque é pequenino mas muito agradável, cheio de sombras, árvores altas e com vista para o rio. As casas de banho são muito limpas e têm sempre papel higiénico (o que, com a minha experiência, é raro). Os preços também são bastante acessíveis, principalmente tendo em conta a localização privilegiada do parque, mesmo à entrada do Gerês. É também um sítio perfeito para ver as estrelas, ao cair da noite.

 

Pôr do sol no Lima Escape.jpg

Campismo no Lima Escape.jpg

Céu estrelado no Gerês.jpg

 

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   VIAGEM

 

Levei o meu carrinho e, com alguma dificuldade, coubemos lá os 5, juntamente com o material de campismo, mochilas e comida que levámos de Coimbra. Fartei-me de conduzir, em média 2h por dia, porque, como ficámos sempre no mesmo parque, tivemos que voltar para lá ao final da tarde todos os dias. Para além disso, os pontos de interesse que quisemos visitar eram, por vezes, um pouco distantes uns dos outros. Apesar disto, a roadtrip correu bem, até porque as estradas no Gerês têm boas condições, no geral, apesar da existência de muitas curvas apertadas e com pouca visibilidade. O importante é ter cuidado e ir devagar.

 

Carro carregado a caminho do Gerês.jpg

 

travel.png

   ITINERÁRIO

 

DIA 1

Este dia foi passado quase todo em viagem. Não saímos propriamente cedo de Coimbra, pelo que entre chegar ao parque, montar tendas e comer, eram já umas 17h30 quando partimos à descoberta. Decidimos ficar perto e visitar apenas uma cascata, a Cascata Ermida, perto de Germil. Fica a cerca de 15 minutos do parque de campismo, mas para lá chegar devemos ter demorado uns 45, e a culpa é totalmente nossa. O caminho e os miradouros são tão bonitos, que não conseguimos evitar parar para apreciar a paisagem e tirar dezenas e dezenas de fotos.

 

Paisagem a caminho da cascata, perto de Germil.jpg

Estradas do Gerês.jpg

 

Ao chegar à cascata, que tem também um poço para nadar, ficámos de boca aberta. É tudo mesmo muito bonito e o sol de fim de tarde a bater na água só melhorava a cena. Acabei por não ir dar um mergulho e passei o tempo a saltitar entre pedras e observar tudo à volta. Quando a sombra se apoderou do local, voltámos para trás para ir cozinhar o jantar junto à tenda que seria a nossa casa nas próximas 4 noites.

 

Cascata.jpg

Poço.jpg

Paisagem na cascata.jpg

 

DIA 2

Começámos o dia em Arcos de Valdevez. Lá conseguimos encontrar um lugar para estacionar sem pagar e fomos a pé até à Praça Municipal, com o Pelourinho e a Igreja Matriz. Seguimos para o Relógio de Água, do qual gostei, especialmente da criatividade por trás da sua construção. Fomos até à Ponte Velha, um dos principais pontos de interesse da vila e um sítio muito bonito - parece um autêntico postal.

 

Relógio de Água, Arcos de Valedevez.jpg

Relógio de Água.jpg

Ponte Velha, Arcos de Valedevez.JPG

Paisagem perto da Ponte Velha em Arcos de Valedeve

 

Partimos rumo à Ponte Medieval de Vilela, desta vez de carro. A ponte atravessa o Rio Vez e este é um local de início e fim de vários trilhos - a maioria deles passam pelo nosso próximo destino - Sistelo.

 

Ponte Medieval de Vilela.jpg

 

Sistelo é uma aldeia que foi considerada, em 2017, uma das 7 maravilhas de Portugal. Não é difícil perceber porquê - a aldeia em si é muito bonita, e o seu envolvimento natural lindíssimo. Existem vários miradouros com vistas incríveis nas redondezas e, depois do nosso almoço de sandes de omelete pelo caminho, optámos por visitar o Miradouro da Estrica.

 

Vista do Miradouro de Estrica.jpg

 

Estava nevoeiro nesse dia pelo que não conseguimos ver as paisagens como queríamos, mas a verdade é que eu decidi ir a Sistelo no primeiro dia precisamente porque o tempo estava mais cinzento e fresco. A razão por trás disto é simples - iríamos tentar fazer um trilho, e queria que o fizessemos sem calor, para ser mais fácil.

 

Trilhos de Sistelo.jpg

 

O trilho que iniciámos chama-se Trilho das Brandas do Sistelo, e muitos dizem ser um dos mais bonitos do Gerês. Infelizmente começámos tarde, pelo que não tivemos oportunidade de o terminar. Fizemo-lo até um pouco menos de metade, até à aldeia de Padrão, e depois voltámos para trás. No total, fizemos entre 5 a 6 km, ida e volta. O trilho começa no centro de Sistelo e tem algumas marcas mais gastas, sendo importante ir sempre com atenção. Gostei muito daquilo que vi do trilho. Há uma subida um pouco demorada, mas com vistas muito bonitas, pelo que vale a pena. A aldeia de Padrão, com as suas casinhas típicas de montanha e os espigueiros de Sistelo também é lindíssima - mas se tiverem medo de cães vão com cuidado, porque há lá imensos, muito fofos, mas fartam-se de ladrar!

 

Vistas do trilho das Brandas do Sistelo.jpg

Aldeia de Padrão.jpg

 

Regressámos assim ao carro, que tínhamos deixado perto do centro de Sistelo, e fizemos a viagem de 40 minutos até ao parque, sem deixar antes de passar por um Lidl para comprar carne para fazer uma grelhada mista para o jantar.

 

 

DIA 3

Este foi o dia mais cheio e ocupado de todos. Fomos primeiro ao Castelo de Lindoso, que fica mesmo ao lado dos Espigueiros de Lindoso. Para entrar lá dentro paga-se, dando acesso a um museu, mas não achámos necessário e ficámo-nos só pelas muralhas, que nos proporcionaram vistas lindas sobre o rio Lima. O castelo é imponente, bonito e gostei bastante de lá ir!

 

Castelo de Lindoso.jpg

Vistas do Castelo de Lindoso para o Rio Lima.jpg

Muralhas do Castelo de Lindoso.jpg

Lindoso.jpg

 

De seguida, fomos à Barragem do Alto-Lindoso, lá próximo. Nunca tinha observado uma barragem de tão perto e penso que escolhi uma particularmente interessante, com a paisagem natural envolvente a enaltecer a beleza do local.

 

Barragem do Alto-Lindoso.jpg

Barragem do Alto-Lindoso 2.jpg

 

Atravessámos a ponte e partimos em direção ao Miradouro Meandros do Lima. O caminho não permite que cheguem carros mesmo perto do miradouro, pelo que tive de deixar o meu na berma da estrada. Aventurarem-se pelas ruas muito apertadas numa tentativa de arranjar estacionamento um bocadinho mais próximo é uma coisa que não recomendo (cometi esse erro). O miradouro em si proporciona vistas bonitas, mas devo confessar que o Miradouro do Lindoso, que fica mesmo depois da barragem, e antes do de Meandros do Lima, parece conseguir oferecer um quadro ainda mais belo. Só não parei lá porque tem apenas lugar para um carro, e já estava ocupado.

 

Miradouro Meandros do Lima.jpg

 

Seguimos para o Poço Negro de Soajo. Um pouco antes do poço haviam carros estacionados, pelo que, a medo de não haver estacionamento mais perto, deixei também aí o meu automóvel. Existe uma passagem para as rochas nesse local e por aí descemos. O problema é que… o poço não ficava nesse sítio e apesar de estar muito perto, a cerca de 6 minutos a pé, a verdade é que com a quantidade de rochas pelo caminho, demorámos quase 2h a fazer o trajeto. Tínhamos de fazer o caminho com cuidado, porque algumas pedras não estão bem presas e outras são escorregadias. Não recomendo!

Sentimo-nos um bocadinho idiotas quando, ao chegar ao poço, reparámos que haviam imensos carros estacionados à entrada, e tínhamos feito aquele caminho todo desnecessariamente. Foi uma aventura, é claro, e correu tudo minimamente bem, o que é importante. Ficámos com uma história para contar e vimos sítios bonitos, sem praticamente ninguém!

O poço em si era lindo. Estava um pouco cheio, mas mesmo assim encontrámos lugar sem grande dificuldade. A água era cristalina, de uma cor incrível e fria que dói. Mas, com o calor que nós tínhamos depois de ter estado ao sol durante aquele tempo todo, entrámos com poucas hesitações e o banho soube-nos pela vida!

 

Poço Negro do Soajo.jpg

 

Depois de estarmos uma hora a descansar, partimos para os Espigueiros de Soajo. Aí ficámos também a saber que a Serra do Soajo, onde nos situávamos, é uma das serras mais altas de Portugal.

 

Espigueiros do Soajo.jpg

 

Fomos depois espreitar o Baloiço do Mezio, tão popular ultimamente, como muitos outros baloiços do país. Estava apinhado de gente, com uma fila de cerca de 20 a 30 minutos para tirar foto no baloiço. Estávamos a ficar sem tempo por causa da nossa anterior aventura, e por isso decidimos ir só dar uma olhadela, sem nos metermos na fila. O baloiço é grande e fica num sítio muito bonito. Fiquei com alguma pena de não tirar lá fotos, mas, para ser sincera, não estava com grande paciência para esperar, quando tinha tanto mais para ver.

 

Baloiço do Mezio.jpg

Vistas do baloiço do Mezio.jpg

 

Demos um saltinho também às Lagoas da Travanca, lá perto. Não queríamos tomar banho, pelo que não saímos dos passadiços, mas mesmo daí conseguimos apreciar a beleza deste local. Recomendo muito visitarem: tem fácil acesso, estacionamento e não deixa de ser tão bonito como qualquer poço do gerês!

 

Lagoas da Travanca.jpg

Lagoas da Travanca 2.jpg

 

Era já final de tarde quando partimos rumo ao Santuário da Nossa Senhora da Peneda. Fica um pouco longe do sítio onde estávamos, mas é um local do qual eu não conseguia abdicar visitar, e ainda bem que segui os planos até ao fim. O santuário é lindíssimo! Rodeado por montanhas, num sítio um pouco remoto e com uma escadaria infindável - tudo isto contribui para aumentar a sua beleza. Adorei mesmo visitar o santuário, mesmo que apenas por fora, e sinto que este é um daqueles locais que valem completamente a pena, ainda que seja preciso fazer um desvio para lá chegar.

 

Entrada no Santuário de Nossa Senhora da Peneda.j

Santuário da Nossa Senhora da Peneda.jpg

 

A caminho do santuário, passámos também pelo Miradouro do Vale da Peneda. Mais bonito ainda é um outro miradouro lá perto (se vierem do sul, fica antes do miradouro do vale da peneda), do qual se vê o rio!

 

Miradouro a caminho de Peneda.jpg

 

 

DIA 4

No último dia inteiro que tivemos no Gerês fomos até à Mata da Albergaria. Esta é uma das zonas mais populares do parque e fica a cerca de 1h de carro do nosso parque de campismo. O caminho mais rápido até lá chegar passa por Espanha, pelo que ainda fui abastecer o carro no nosso país vizinho.

Começámos por estacionar o carro mesmo antes da entrada da mata e fomos até à Cascata da Portela do Homem a pé. Durante os meses de verão paga-se 1.5€ por viatura para entrar na Mata da Albergaria, mas, para quem quer ir apenas a esta cascata, o estacionamento mais perto é ainda fora da mata.

A Cascata da Portela do Homem é linda de morrer. O caminho até lá chegar tem algumas pedras, e é difícil manter os pés secos, pelo que recomendo que calcem os chinelos de dedo no inicio da travessia, para não molharem os ténis desnecessariamente.

Este é sem dúvida um dos locais mais populares do Gerês, e um dos mais bonitos que vi. Era domingo quando lá fui, pelo que estava um pouco cheio, mas a verdade é que é maior a quantidade de pessoal que vai até lá só para tirar umas fotos do que aquele que fica para tomar banho. É que a água é gelada e não é para todos, apesar de ter uma cor linda!

 

Cascata da Portela do Homem.jpg

Cascata da Portela do Homem vista de cima.jpg

 

Seguimos para o carro e entrámos na Mata da Albergaria. No entanto, voltámos a sair uns minutos depois, pelo outro lado. É que o nosso próximo destino fica mesmo à beira da mata - o Miradouro da Preguiça.

 

Pedras no Miradouro da Preguiça.jpg

 

Deslocámo-nos até este miradouro porque não queríamos sair do Gerês sem ter completado um trilho, e é nesse local que começa o Trilho da Preguiça - de cerca de 4.5km, que passa por duas cascatas bonitas: a de Leonte e a de Laja. Partilharei detalhes sobre essa aventura no meu próximo post!

Adorámos fazer o trilho, ainda que nos tenha custado um bocadinho. Terminámos o dia cansados e esfomeados, e depressa nos apressámos até ao parque de campismo, para tomar um banho e seguir para o jantar!

 

fork.png  Jantar

Restaurante Lobo - Este era um dos poucos restaurantes perto do nosso parque, e foi uma excelente escolha para o grupo. Pedi bitoque e estava ótimo. Houve quem tivesse pedido costeletão e um vinho branco da casa, que estava igualmente delicioso. Recomendo muito a quem estiver pela zona! É um sítio simpático, com bom atendimento, comida com qualidade, preços muito acessíveis e, aquilo que nestes dias é importante: muito distanciamento social entre mesas!

 

Bitoque no Restaurante Lobo.jpg

 

 

DIA 5

Estivemos ocupados em desmontar a tenda e arrumar as coisas no carro durante toda a manhã. Fomos depois almoçar a Ponte de Lima, uma das vilas mais antigas de Portugal.

 

fork.png  Almoço

McDonald’s de Ponte de Lima - Eu sei que é um simples McDonald’s, mas a verdade é que o atendimento foi tão rápido e ficámos tão impressionados com a qualidade, que não podia deixar de mencionar isso aqui!

 

Ficámos a passear por Ponte de Lima durante umas horas, explorando uma feira que lá estava nesse dia e visitando o Largo de Camões e a Ponte Romana. Depois disso, lá tivemos de dizer adeus ao norte e à nossa aventura e iniciámos a viagem de volta para Coimbra.

 

Vista da Ponte Romana, Ponte de Lima.jpg

 

 

Escusado será dizer que adorei esta viagem. O Parque Nacional Peneda-Gerês é realmente um dos nossos tesouros com mais valor e tem imenso por explorar. Vi apenas uma parte do parque, pois optei por passar mais tempo nos sítios, não mudar de alojamento, e não fazer muitas horas de carro. Mesmo assim, sinto que vi várias coisas a correr, porque realmente há demasiado para visitar. Existem mais cascatas, poços, miradouros e outros locais super populares no Gerês que provavelmente encontrarão noutros roteiros. Não os fui ver por uma questão de tempo e distância, mas fiquei com uma enorme vontade de o fazer. Talvez numa próxima ocasião, e desta vez com a minha família, que ficou roída de inveja ;)

Para terminar, quero só deixar um especial agradecimento aos meus amigos por tirarem fotografias tão giras, pois o post não seria a mesma coisa sem o seu contributo!

 

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Gerês - Roteiro de 4 dias.png