Gerês // Roteiro de 3 dias em 2021
O ano passado fui pela primeira vez ao Gerês e adorei cada momento. Aquela natureza toda à minha volta, as cascatas, os poços, os trilhos… apaixonei-me. O meu amor foi tal que este ano voltei a passar uns dias no Gerês, desta vez para o lado este do parque, ou seja, nos distritos de Braga e de Vila Real.
Alojamento
Fiz novamente campismo este ano, por gostar tanto da experiência do ano anterior. Escolhi o Ermida Gerês Camping pois fica muito bem situado e tinha boas avaliações por parte de quem já lá tinha estado. Não desiludiu nada! Mega pequeno, não faz reservas, mas conseguimos lugar. Tem sombras e o solo é bom para montar a tenda. A receção é também bar, com preços muito aceitáveis. Mas a melhor parte mesmo é sem dúvida o pessoal que lá trabalha. Fomos muito bem recebidas, com simpatia e muita disponibilidade para ajudar. Logo na primeira tarde deram-nos várias dicas de percursos interessantes que acabei por fazer e gostar muito! Recomendo, sem dúvida. É um parque de campismo longe de ser luxuoso, mas que vale sem dúvida a pena pelas pessoas que lá trabalham. É só importante mencionar que Ermida é uma vila que, bem… não tem nada. Um mini-mercado que deixa muito a desejar, um único café e só um restaurante. Recomendo que se abasteçam de comida antes de aqui chegar, porque até o pão se tem de encomendar para o dia seguinte!
Comida
Ermida fica a cerca de 15-20 minutos da Vila do Gerês, sem dúvida a vila mais turística do parque. Esta tem imensos restaurantes e cafés, pelo que não há melhor sítio para um bom jantar. É um local muito menos típico, com muitos estrangeiros e hóteis, mas não deixa de valer a pena visitar. Foi aqui que jantámos em uma das noites. Ermida fica também próxima das aldeias de Fafião, Pincães e Cabril, todos com os seus um a dois restaurantes. Jantei em Fafião também, e ficou sensivelmente mais barato do que na Vila do Gerês. No geral, se querem ir de facto a restaurantes, recomendo planearem de acordo com o que vão ver nesse dia, para não se fazerem quilómetros desnecessários. No caso deste roteiro, acho uma boa opção na primeira noite comer no restaurante de Ermida, na segunda na Vila do Gerês e na terceira em Fafião.
Itinerário
DIA 1
Chegámos pouco depois do almoço ao parque de campismo. Entre montar as tendas e arrumar tudo, partimos à descoberta pelas 16h. Estávamos todas fartas de andar de carro, por isso optámos por fazer um percurso a pé, saíndo diretamente do parque de campismo.
Primeiro, passámos pela aldeia de Ermida e pela sua pequena capela. Seguindo sempre as placas de madeira (e SÓ as placas de madeira), fomos indo em direção ao miradouro Vela. A maior parte do caminho tem imensas sombras e é largo, pelo que é extremamente agradável. Aproveitem, porque a maior parte dos trilhos no gerês não são assim!
Depois de ir ao miradouro Vela, que é lindo, lindo, lindo, um dos que mais gostei, fomos até aos miradouros Silhas, dois miradouros perto um do outro que também valem a pena.
Para terminar, fomos até ao destaque da caminhada: a cascata da Rajada! Recomendo subirem as pedras até mesmo junto à cascata, e não se contentarem a observá-la de longe, simplesmente porque há um lago na própria cascata no qual vale a pena tomar banho. Aqui para subir até à cascata é necessário ter um pouco de cuidado, mas é completamente possível fazer o curto percurso sem molhar os pés, o que é ótimo!
Para voltar ao parque, fizemos simplesmente o caminho contrário. Até chegar à cascata e passando pelos miradouros demorámos cerca de 1h, mas na volta já foram apenas 40 minutos. Acho este percurso uma excelente opção para quem não leva carro ou procura evitar levá-lo para as estradas estreitas do gerês, muito bom!
DIA 2
O dia seguinte começou com uma tentativa (falhada) de comprar pão ao único mini-mercado da vila. No caminho, passámos pelo miradouro de Ermida, com uma bonita vista sobre a vila.
Pegámos no carro e fomos até às Cascatas Tahiti, ou Cascatas de Fecha das Barjas, ou ainda Cascatas da Várzea. O acesso é fácil - deixa-se o carro à beira da estrada, junto de muitos outros, ou no parque de estacionamento em frente à entrada da cascata (paga-se 2€) e resta descer algumas pedras até ao primeiro “andar” das cascatas. Daqui já se consegue ver um pouco do que é a beleza das cascatas, e também se consegue tomar banho num poço, pelo que é possível ficar-se só por aqui, como ficaram a minha mãe e irmã. No entanto, eu recomendo explorar o resto das cascatas, ir descendo de piso em piso, porque vale bem a pena.
Descer é um pouco mais complicado, por isso o melhor é ir-se o mais leve possível, com as mãos sempre livres para apoiar a descida. Do lado direito há um acesso para um outro piso, e do lado esquerdo desse piso, há um acesso mais comprido e estreito que nos leva mesmo lá a abaixo, permitindo ter uma vista incrível sobre todo o esplendor das cascatas. É aqui também o melhor sítio para estenderem as toalhas, por ter mais espaço e ser muito mais plano, assemelhando-se quase a uma praia fluvial. Para voltar para o carro, é só fazer o caminho inverso.
Depois de uma agradável manhã nas cascatas, partimos para Fafião. Deixámos o carro junto ao campo de futebol da vila, que é também junto ao parque de merendas (bem agradável) e subimos para o Miradouro de Fafião. Este miradouro é um dos mais impressionantes e também um dos que dá mais vertigens, por se ter de atravessar uma ponte até à rocha mais alta. Dá aquela sensação de que se está no topo do mundo… fantástico, mesmo.
Seguimos para o Poço Verde. Este foi o sítio mais escondido a que fomos, não estando sequer assinalado no Google Maps. O acesso não é fácil - não demora muito (cerca de meia hora para cada lado, se deixarem o carro onde deixámos (5km ida e volta, sensivelmente)) mas é sempre a descer/subir, o que torna o caminho bastante cansativo. Não há indicações, mas não é difícil descobrir o caminho. Depois de passar pelo parque de merendas, é seguir pela direita, até a uma estrada de terra batida e por aí descer.
Eventualmente começa-se a ver o poço verde e desce-se umas rochas, o que não é lá muito fácil. É bonito, não há dúvida, e gostei de lá ir para conhecer, mas sinceramente foi o único local que achei que nunca iria voltar. Não achei de todo que o caminho que fizemos compensasse aquilo que acabou por ser o poço verde. Se fosse agora, optaria por ir ao Poço Azul, um pouco mais distante mas, supostamente, com um acesso mais fácil.
Para terminar o dia, fomos até à Cascata de Pincães. Acesso fácil - tem de se andar um pouco, mas se forem ao final do dia há sempre sombra. Os caminhos são largos, sem grandes inclinações. Não há muitas tabuletas, no entanto, o que é um ponto um pouco negativo. A sorte é que há sempre gente a ir e a vir, então dá para compreender por onde é suposto seguir. Deixei o carro dentro da própria vila de Pincães, no ponto que o Google Maps indica para aceder à cascata. Têm que se subir umas rochas, mas nada de especial. Esta cascata é impressionante pela sua altura e bastante bonita. Foi o sítio onde passámos menos tempo pois também é o sítio que tem menos espaço para as pessoas estarem, e estava bastante cheio. Não deixa de valer a pena!
Jantar
Adega Ramalho - Demos um saltinho à Vila do Gerês e jantámos num restaurante agradável, com comida típica que nos soube bem depois de um dia cansativo. Preços talvez sejam um pouco inflacionados por haver bastantes turistas nesta zona, mas pagámos uma média de 12 euros por pessoa, o que não foi muito exagerado.
DIA 3
O dia anterior foi uma brincadeira comparado com este… a minha irmã queria matar-me depois dos trilhos todos que fizemos.
Começámos pela maior caminhada desta viagem - o trilho até às 7 lagoas do Gerês. Estacionámos o carro na aldeia de Xertelo, junto ao bar das 7 lagoas (basta meter no Google Maps), ao pé de outros carros estacionados na berma da estrada. Existe também um “parque de estacionamento” do próprio bar nesse local, mas é pago.
O caminho até às 7 lagoas encontra-se extremamente bem sinalizado, porque faz parte de um trilho. Basta seguir até à igreja da aldeia, que se vê logo, e seguir as marcas vermelhas e brancas - não há mesmo que enganar. Antes de ir para o Gerês eu tinha lido na internet que se demorava cerca de 1h a fazer o caminho, mas acho que uma duração mais realista, para pessoas que não fazem trilhos todos os dias mas até têm um bom ritmo, é de 1h30, só a ida. O percurso não é de todo difícil, mas é estreito e há que ter cuidado e olhar sempre para onde se metem os pés. É um caminho muito, muito bonito, com umas vistas espetaculares. Eu fui de manhã, enquanto estava enevoado, e voltei de tarde, já com sol. Tive assim a oportunidade de ver a mesma paisagem de duas maneiras completamente diferentes e ambas espetaculares. É de salientar que o caminho não oferece sombra nenhuma, por isso recomendo evitar as horas de maior calor. No entanto, há uma “fonte” a meio do percurso que dá para encher as garrafas de água, o que dá muito jeito!
Escusado será dizer que o caminho vale totalmente a pena quando se chega finalmente às 7 lagoas, o meu local favorito desta viagem. Ao contrário do que é normal, as rochas aqui são mesmo suaves, perfeitas para estender a toalha e passar um belo dia! Também são um bocado escorregadias, pelo que é preciso ter cuidado e evitar zonas molhadas.
Tal como o nome indica, são 7 lagoas, algumas maiores do que outras, mas todas com espaço suficiente para tomar banho. Uma das últimas lagoas é a mais funda e na qual se vêem tipicamente pessoas a mergulhar. No geral, vale a pena percorrer as lagoas e ver este sítio de todas as perspetivas possíveis - é mesmo lindo!
Na volta passámos pelo bar onde o carro estava e comemos umas sandes para ganhar alguma energia. Isto porque o mais extenuante ainda estava para vir…
Pegámos no carro e metemo-nos rumo à Cascata Cela Cavalos. Existem três formas de chegar lá:
- Caminho do Google Maps. Há uma berma em terra batida onde se pode deixar o carro, exatamente onde o Google Maps indica, e depois segue-se o caminho a pé claramente indicado ali próximo. Não é difícil, mas não tem sombras. A determinada altura há uma bifurcação e seguem para a esquerda… de resto não há nada que enganar.
- Caminho da Capela de Santa Luzia. Estaciona-se o carro perto da capela e desce-se até à cascata - acesso um bocado mais inclinado do que o anterior, mas talvez um pouco mais curto.
- Pela aldeia de Lapela. Deixa-se o carro na aldeia e segue-se caminho, que está bem indicado e é bastante semelhante ao primeiro.
Eu optei pela primeira opção, sobretudo porque me parecia o trilho com menos inclinação. De facto não é difícil, mas não tem quaisquer sombras e com todo o cansaço acumulado, custou-nos bastante chegar ao destino. Felizmente acabei por gostar imenso da cascata e da sua lagoa que se pode ver do topo, ao subir por um caminho junto a um velho moinho em ruínas.
Jantar
Restaurante Fojo dos Lobos - Jantámos a caminho do parque de campismo, num restaurante em Fafião, bem mais barato do que o do dia anterior na Vila do Gerês e igualmente bom!
No último dia de todos, no regresso a casa, passámos ainda pelo Miradouro da Pedra Bela, um miradouro espetacular com vista para o rio Cávado. Recomendo mesmo darem aqui um saltinho, eu gostei imenso!
Gostei mesmo destas férias. Foram muito cansativas, ainda mais cansativas do que a minha ida ao Gerês do ano passado, mas todas aquelas cascatas e sítios maravilhosos que tive oportunidade de ver recompensaram o esforço. Recomendo, especialmente para quem procura umas férias mais de aventura e menos de descanso!
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