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Bora lá Viajar!

"Traveling – it leaves you speechless, then turns you into a storyteller"

Sex | 02.05.25

Kuala Lumpur // Roteiro de 2 dias pela capital da Malásia

Joana Lameiras

Há um ano atrás cumpri um dos meus maiores sonhos: marquei uma viagem até à Ásia. A lista de destinos possíveis a visitar, dentro deste continente, era enorme. A minha curiosidade, igualmente grande. Inicialmente, estava decidida em conhecer a Singapura e a Indonésia durante duas semanas. Mas uma vozinha bem perto de mim (a da minha mãe) insistia que não deviamos deixar passar a oportunidade de conhecer também a Malásia, nem que apenas durante dois dias.

Tal como de costume, a minha mãe tinha toda a razão. Kuala Lumpur tornou-se rapidamente das minhas capitais favoritas em todo o mundo. Os dois dias que passei lá foram extremamente bem aproveitados, mas mesmo assim souberam a pouco e parti com imensa vontade de voltar à Malásia um dia.

Kuala Lumpur foi exatamente aquilo que eu esperava - um misto de culturas, em todos os sentidos. Vê-se pessoas de todo o tipo de etnias, com todo o tipo de religiões e a comer todo o tipo de pratos. É uma cidade que oferece mesmo muito, como poucas oferecem. Vistas espectaculares de rooftops, que nos fazem sentir bem pequeninos no meio de tantos prédios gigantescos; comida da melhor que já provei na vida, em restaurantes com estrela Michelin a preços ridiculamente baixos; ruas caóticas, que permitem observar o dia-a-dia, tão diferente do nosso, do povo malaico; e, finalmente, a cidade oferece a oportunidade de conhecer diversas religiões e ver como todas elas co-existem e têm o seu papel em Kuala Lumpur. 

 

Alojamento

 

Tal como em todos os países do Sudeste Asiático, também na Malásia conseguimos ficar em alojamentos por um preço bastante mais baixo do que estamos habituados na Europa. Foi uma novidade completa não ter de usar a ferramenta de ordenação por preço do Booking. Aliás, se o tivesse feito, iria gastar muito mais tempo no processo de escolha do hotel do que gastei. E acreditem, eu passei mesmo muitas horas a comparar hóteis! 

Em Kuala Lumpur, há imensas opções, mas eu acabei por escolher o Regalia Suites & Residences by Myge Homes. Não era muito central, o que é certamente uma desvantagem. No entanto, tinha uma piscina no rooftop que oferecia umas vistas… bem, as imagens falam por si.

Gostei do hotel, especialmente por causa do rooftop. A distância ao centro também não era grande problema, porque andávamos de Grab (uma aplicação equivalente ao Uber, que existe na Ásia) para todo o lado, e era mesmo muito barato. 

 

Vista de Kuala Lumpur.jpg

Regalia Suites & Residences.jpg

 

Transportes

 

A cidade tem muito para ver, e vários dos pontos de interesse são bastante longe uns dos outros, como as famosas Cavernas Batu ou a Mesquita Wilayah. Desta forma, recorremos à aplicação Grab muitas vezes. Grab é um género de Uber da Ásia, só que bastante mais barato. Funciona mesmo muito bem, a todos os níveis. Oferece também a opção de mota, ainda mais económica, o que é óptimo para os viajantes a solo mais aventureiros.

Utilizei Grab não só para me deslocar para os arredores da cidade, mas também para ir de/para o aeroporto. Atenção: existem opções de transporte público para chegar a estes pontos, que certamente são mais baratas. No entanto, como nós éramos um grupo de 4, o Grab costumava compensar sempre.

Tirando estas atrações mais fora de mão, caminhei entre todos os outros pontos de interesse na cidade. Também existe metro (muito barato - um bilhete são cêntimos), mas andar por Kuala Lumpur é tão interessante que nem nos custou as dezenas de km feitos diariamente.

 

Comida

 

Para quem gosta de comer, Kuala Lumpur é uma autêntica mina de ouro. A gastronomia tem influências de toda a Ásia, o que significa que conseguem provar um bocadinho de tudo dos países vizinhos com muita qualidade e autenticidade. Os preços são mesmo muito acessíveis, principalmente se forem para restaurantes mais frequentados por locais. Aqui, tive a oportunidade de comer em vários restaurantes com uma estrela michelin, cujos pratos ficavam, no máximo, a 5 euros. Se há um sítio para comerem de forma excelente e muito amiga da carteira, é em Kuala Lumpur. A comida desta cidade é uma das coisas de que mais tenho saudades de toda a viagem.

Deixo apenas uma ressalva para quem nunca foi ao sudeste asiático: a higiene não é o forte destes países. Mesmo em restaurantes com uma estrela michelin, mesmo em restaurantes com a melhor comida que já provaram na vida. O importante é ir de mente aberta, e depressa nos habituamos a esta realidade. Se estiverem preocupados, recomendo que vejam as críticas no Google Maps, antes de entrar. Eu e a minha família nunca ficámos doentes durante a viagem, por isso diria que à partida podem confiar nos restaurantes que menciono neste roteiro.

 

 

O que não pode faltar na mochila, no dia-a-dia

 

  • Água;
  • Lenço para cobrir a cabeça e ombros, quando necessário (em mesquitas ou templos);
  • Repelente de mosquitos, para aplicar de manhã e ao pôr-do-sol;
  • Powerbank e cabo para o telemóvel;
  • Documentos, cartão Revolut e dinheiro (há muitos sítios que não aceitam cartão).

 

Itinerário

 

Dia 1

 

O dia começou da melhor forma possível: a comer. Fomos até à Chinatown tomar o pequeno-almoço num café bastante popular (que, tal como todos os outros sítios onde comemos em Kuala Lumpur, eu já tinha investigado previamente).

 

PEQUENO-ALMOÇO

Merchant’s Lane - Com um interior muito giro e diferente, este sítio tem um ambiente bastante agradável. A comida e as bebidas são típicas e todos gostámos bastante! A localização também era óptima, mesmo no coração da Chinatown. Recomendo a 100%.

 

 

A Chinatown está cheia de street art, sendo uma zona colorida e com muita personalidade. É aqui também que conseguem ter uma boa vista do Merdeka 118, o segundo edifício mais alto do mundo. “Merdeka” significa “independência”, e é uma palavra que irão ver bastante na vossa visita a Kuala Lumpur.

 

Merdeka 118.jpg

 

Ainda na Chinatown, existe o Mercado da Petaling Street, um sítio excelente para se comprar souvenirs, roupa, sapatos, comida, bebidas… bem, há um pouco de tudo, na realidade. Gostei em particular do facto das ruas deste mercado serem largas, o que é muito útil, pois o mercado está sempre cheio de pessoas.

 

Petaling Street.jpg

 

Aqui perto, fica o Templo Guan Di, um templo taoísta. Se forem como eu, e nunca tiverem ouvido falar do taoismo antes, deixo aqui a definição que o Google me deu - “uma tradição filosófica e religiosa chinesa que valoriza a harmonia entre os seres humanos, a natureza e o universo.”

 

Templo Guan Di.jpg

 

Mesmo em frente, fica outro templo, desta vez hindu. É o templo Sri Mahamariamman, o mais antigo de todos os templos hindus de Kuala Lumpur. Para o visitar, é preciso ter os ombros e pernas tapados, mas o próprio templo empresta lenços coloridos para este efeito.

 

Sri Mahamariamman.jpg

 

Para completar esta manhã tão cheia, apanhámos Grab até mais um templo - o Thean Hou, desta vez budista. Este é mais afastado do centro, mas também é bastante maior do que os outros. Vale a pena!

 

Thean Hou.jpg

 

Todos os templos que visitei em Kuala Lumpur são de entrada completamente gratuita.

 

ALMOÇO

Lai Foong Lala Noodles - O foco aqui são noodles chineses com marisco e o menu é limitado. Isto, no entanto, não é problema, pois o restaurante tem uma estrela michelin e os chefes sabem, claramente, o que estão a fazer. A comida era mesmo incrível, cheia de sabor! Uma das melhores refeições de toda a viagem. Fomos comer já tarde, por isso não apanhámos qualquer fila para entrar.

 

 

Seguimos para a Praça da Merdeka, ali perto. Não achei esta praça nada de especial, pelo que se tiverem falta de tempo, não vejo problema em saltar este ponto de interesse.

 

Praça da Merdeka.jpg

 

Para terminar a tarde, apanhámos Grab até às Batu Caves, um dos maiores pontos de interesse de Kuala Lumpur. Situa-se a cerca de 20 minutos do centro, mas vale cada minuto de desvio. Estas cavernas contêm vários templos hindu, sendo que o templo principal, no topo das escadas, é de entrada gratuita.

As Batu Caves são mesmo diferentes de tudo aquilo que eu vi até hoje. Impressionantes e bonitas. Subir aquela escadaria toda é uma aventura, e não só por ser tão extensa. É que nunca sabes quando é que um macaco não se decide meter no teu caminho! A probabilidade de isto acontecer? Altíssima. 

 

Batu Caves.jpg

 

Na caverna principal, ainda tive direito a ser abençoada durante uma pequena cerimónia hindu.

 

Eu nas Batu Caves.jpg

 

E quando eu pensava que o dia não podia melhorar mais, eis que chegou a hora de jantar…

 

JANTAR

Sek Yuen Restaurant - Se vierem a Kuala Lumpur, façam um favor a vocês próprios e vão comer a este restaurante. É completamente local, super autêntico, e parece uma cantina por dentro. Não havia nenhum ocidental para além de nós, e quando entrámos no restaurante, fomos alvo de olhares de muita gente. Claramente, não era um sítio turístico. E que bom para nós!! Apesar de estar muito cheio, lá nos arranjaram mesa. Aqui, o prato recomendado, e a razão pela qual o restaurante tem uma estrela michelin, é o pato à Pequim, e de facto estava absolutamente incrível. 

 

 

Para terminar o dia, voltámos para o hotel e fomos finalmente usufruir da piscina do rooftop. Naquele momento, enquanto olhava para a cidade e todos os seus arranha-céus, refleti bastante na sorte inacreditável que eu tenho.

 

Vista da piscina.jpg

 

Dia 2

 

O segundo dia começou com um pequeno-almoço bastante diferente dos europeus, num dos melhores sítios para comer um pequeno-almoço típico em vários países da Ásia - roti canai.

 

PEQUENO-ALMOÇO

Mansion Tea Stall - Este restaurante era frequentado exclusivamente por locais, muito simples e sem qualquer menu à vista. Pedimos o “signature dish” da casa, e não vos consigo dizer exatamente o que continha, apenas que era muito diferente e bom! Sem dúvida uma experiência bastante autêntica e típica. É só preciso mente-aberta (e há torradas para os mais esquisitos).

 

 

Em termos de pontos de interesse, a manhã deste segundo dia foi focada em mesquitas. Visitámos duas: uma bem perto do sítio onde tomámos o pequeno-almoço, a Mesquita Jamek, e a segunda, mais afastada do centro, a Mesquita Wilayah

Nós queríamos já ter visitado a Mesquita Jamek no dia anterior, mas estava fechada. A parte visitável desta mesquita é pequenina, pelo que não acho imperdível. A parte que mais me ficou na memória foram os fatos engraçados que todos tivemos de vestir de forma a cobrir os corpos dos pés à cabeça.

 

Outfit na Mesquita Jamek.jpg

 

Já a Mesquita Wilayah vale mesmo muito a pena. Na altura, apenas era possível visitar a mesquita com guia. No entanto, não é preciso reservar ou ir lá a nenhuma hora específica. Eles proporcionam guias à medida que o pessoal vai chegando. No nosso caso, o nosso grupo era composto por 6 pessoas: eu, a minha família, e um outro casal. Adorei a visita guiada, enriqueceu imenso a experiência. A mesquita é também lindíssima e estava completamente deserta.

 

 

Ambas as mesquitas são de visita gratuita. Se quiserem visitar apenas uma delas, não há competição possível. Visitar a Mesquita Wilayah é uma experiência imperdível. Para além de ser uma mesquita muito maior e mais bonita, a visita guiada é muito interessante.

Seguimos para a Little India, cheia de lojas e restaurantes indianos. Para mim, talvez a zona que menos gostei de Kuala Lumpur. Tem um tamanho considerável, e para quem gosta de visitar lojas pode valer a pena, mas não achei muito interessante, e até um pouco morto.

 

 

ALMOÇO

Mr Naan & Mrs Idly - A comida estava razoável e não era caro. Tal como o resto da Little India, não achei imperdível, de todo.

 

A próxima paragem foi um dos mais conhecidos centros comerciais de Kuala Lumpur - o Pavilion KL. É enorme, luxuoso e muito bonito. Vale a pena uma visita, para passear e olhar para as montras sofisticadas.

 

Pavilion KL.jpg

 

Quando a noite caiu, fomos apressadamente para o KLCC Park. Isto porque é neste parque que é possível assistir a um espetáculo de luzes e água, que ocorre três vezes ao dia: às 20h, 21h e 22h. Para além do espetáculo, existe uma outra razão, muito muito importante, para vir até este parque. É que é daqui que se têm as melhores vistas de um dos marcos mais famosos de Kuala Lumpur: as torres Petronas.

 

Torres Petronas.jpg

KLCC Park.jpg

 

As torres Petronas são as torres gémeas mais altas do mundo, ainda mais altas do que as torres gémeas originais, de Nova Iorque. Foram, de 1996 a 2004, os dois edifícios mais altos do mundo! Mesmo que não venham ao KLCC Park, irão ver as duas torres de certeza. No entanto, vê-las de perto é ainda mais impressionante.

Seguimos para uma das minhas zonas favoritas de Kuala Lumpur!! A famosa rua Jalan Alor, super vibrante, colorida, com todo o tipo de cheiros e sons, e onde é possível encontrar comida deliciosa. É dos melhores sítios para provar street food, com dezenas e dezenas de bancas a vender as mais variadas iguarias. Algo interessante é que durante a nossa estadia em Kuala Lumpur conseguimos observar em vários sítios a influência da cultura portuguesa, particularmente na comida - incluindo aqui em Jalan Alor. A palavra “portuguese” apareceu-nos à frente muitas vezes, principalmente com os pastéis de nata. Não provámos, mas foi engraçado ver um bocadinho de Portugal no meio de toda esta mistura.

 

 

Já tinha passado por aqui antes de ir para o Pavilion KL, por isso algumas fotografias foram tiradas ainda de dia. No entanto, é de noite que a rua está cheia de vida. Recomendo muito comer em Jalan Alor pelo menos uma vez durante a viagem. Para além de jantar aqui, comi também um gelado de côco tailândes de comer e chorar por mais! Adorei, simplesmente.

Não encontro o nome do restaurante onde comi, mas era apenas um de muitos naquela rua, que escolhi aleatoriamente. Acho que a experiência de jantar nesta rua vai ser sempre muito interessante, desde que saiam da zona de conforto e experimentem coisas novas!

 

 

 

Ficam aqui com um roteiro completo do que fazer numa das minhas cidades favoritas do mundo. Kuala Lumpur é diversidade, é diferença, é caos, é cultura. Para mim, é saudades! Tantas que não pude evitar escrever este post, para, por momentos, voltar.