Suiça & França // Roteiro low-cost de 4 dias à volta do Lago Léman
Para mim, a Suiça é um dos países mais bonitos da Europa. Seja verão ou inverno, proporciona umas paisagens espetaculares e muitos sítios que valem a pena visitar.
Na minha primeira viagem a este país, não tive tempo de ir a todo o lado e de fazer tudo o que queria, por isso optei por me focar numa só zona: o Lago Léman. Este lago marca a fronteira entre a Suiça e França, pelo que também consegui visitar esta zona francesa muito gira!
Escolhi visitar esta área pois o lago, para além de ser lindíssimo, é rodeado por várias localidades interessantes e muito bonitas. Uma delas é Genebra, para onde voei, e onde aluguei um carro para passear pelos países e conhecer tudo com alguma independência.
A Suiça é também um país com um nível de vida muito superior ao nosso. É caro que dói… mas há sempre maneiras de poupar uns trocos, e a verdade é que, com as dicas que dou em baixo, consegui gastar muito pouco e aproveitar imenso a viagem.
Dicas para poupar numa viagem à Suiça:
- Ficar num airbnb e nunca hotel! Para além de normalmente ficar mais barato, permite cozinhar e guardar comida no frigorífico, o que leva a poupar imenso em alimentação. O que nos leva ao próximo ponto…
- Evitar comer fora. Os restaurantes na Suiça têm mesmo preços absurdos, pelo que nós fizemos praticamente todas as refeições em casa. Tomávamos o pequeno-almoço antes de sair, fazíamos sandes para o almoço, e depois cozinhávamos o jantar no apartamento. Mas, é claro, há iguarias suiças que valem a pena provar (como a raclette). Para o fazer, é importante pesquisar de antemão restaurantes bons e baratos, para não cair em armadilhas turísticas. Se possível, e se viajarem durante a época natalícia, apostem em mercados de natal! Normalmente têm opções mais em conta.
- Comprar um cartão eSIM. Infelizmente, a Suiça não é abrangida pela política do roaming gratuito, por não ser da UE. Isto significa que usar a internet no telemóvel pode ser muito dispendioso… O que eu acabei por fazer foi comprar um cartão eSIM da Holafly. Estes cartões são digitais e permitem utilizar internet ilimitada durante um determinado período de tempo, para um determinado país. É só escolher o número de dias e pagar. A instalação no telemóvel é super fácil (eles enviam instruções) e funciona mesmo bem. Atenção só numa coisa: nem todos os telemóveis suportam cartões eSIM, por isso é importante fazer essa verificação antes!
- Ficar alojado em França. Isto só é possível mesmo na zona do Lago Léman… mas é uma ótima dica. Ficámos alojados em Évian-les-Bains e, para além de ter ficado muito mais barato do que na Suiça, conhecemos uma nova vila muito querida. É claro - isto pode significar mais quilómetros, por isso dependendo do roteiro, pode não valer a pena.
- Procurar e planear o estacionamento. Tal como tudo o resto na Suiça, o estacionamento pode ficar muito caro. Por isso mesmo, é importante investigar e pensar onde se vai estacionar (mais ou menos) dependendo do sítio que se quer visitar. Aos domingos o estacionamento é gratuito! Para além disto, há também várias zonas das cidades onde não se paga estacionamento, mas há um tempo limite para o carro estar lá. Tipicamente, quanto mais afastado do centro das cidades, maior é o limite. Este limite é controlado através de um disco, que todos os carros possuem, onde podemos marcar a hora em que estacionámos.
É importante mencionar que, como fiquei sempre alojada no mesmo sítio, acabei por gastar bastante tempo em viagens de carro, pois tinha de voltar para o apartamento. Na altura, considerei que isto valia a pena por uma questão de preço, comodismo (o apartamento era mesmo muito bom, e não tínhamos de estar sempre a fazer e desfazer malas) e porque, na verdade, as viagens de volta eram sempre feitas quando já estava escuro, e não íriamos estar a visitar nada de qualquer maneira durante esse tempo. No entanto, não posso negar que foi cansativo (especialmente para o meu pai, que estava a conduzir).
Dito isto, aqui está o meu roteiro, uma visão geral do caminho que percorri e aquilo que visitei por sete localidades diferentes ao longo de quatro dias!
DIA 1 - Chamonix & Montreux
O dia começou com um bom pequeno almoço em Évian. Em todos os dias em que estivemos nesta vila, a primeira coisa que eu fazia depois de me arranjar era sair de casa e ir à pastelaria em frente comprar umas baguettes, croissants e pains au chocolat. A pastelaria chama-se “Aux Délices de Tom” e tem coisas maravilhosas! Pessoalmente, achei os pains au chocolat de amêndoa maravilhosos.
Depois do estômago forrado, fiz uma viagem de pouco mais de 1h até Chamonix, em França. Esta é uma zona muito conhecida pelos resorts de ski e paisagens de montanha. Uma das atividades mais populares é subir ao Mont-Blanc, mais propriamente até Aiguille du Midi, através do teleférico mais alto de França. Infelizmente, quando lá fomos estava a haver algum tipo de restauração, e não foi possível ter essa experiência. Foi uma pena, mas poupámos mais de 50€ por pessoa, por isso não fiquei propriamente chateada.
De qualquer maneira, mesmo sem ir até Aiguille du Midi, Chamonix vale totalmente a visita. Foi uma excelente maneira de começar esta viagem e encantou-me imenso. É uma vila mesmo bonita, e tinha nevado imenso durante a noite, pelo que parecia saída de um postal. Passei cerca de 2h a passear pelo centro, com calma, e a tirar imensas fotos. Beber um chocolate quente também é uma ótima ideia (atenção - beber chocolate quente nesta zona da Europa é SEMPRE uma ótima ideia).
O meu conselho: procurem o centro da vila e apreciem - vale a pena.
Depois do almoço (sandes), partimos para Montreux, já na Suiça. Montreux oferece umas paisagens um pouco diferentes de Chamonix, sem perder qualquer charme. Esta região é conhecida por três razões: os seus mercados de natal bonitos, o seu festival internacional de jazz durante o verão e o facto de ter sido a residência escolhida por Freddie Mercury durante os seus últimos anos de vida.
Estava sol durante a tarde, pelo que decidimos deixar o carro perto da Château de Chillon (gratuitamente) e fazer uma caminhada de cerca de 30 minutos até ao centro de Montreux. Não consigo recomendar isto o suficiente - ADOREI. Foi o meu segundo momento favorito da viagem, sem qualquer sombra de dúvida. O caminho é mesmo à beira de água, do Lago Léman, e é encantador. Acabámos por demorar bem mais do que meia hora pois estávamos sempre a parar para apreciar as vistas. Senti uma paz… e muita sorte por poder estar ali.
Assim que o trilho acaba, damos de caras com uma estátua do Freddie Mercury e um mercado de natal enorme. Posso dizer que não era particularmente bonito, mas tinha sem dúvida a sua graça. Nessa tarde, vimos tantos, mas tantos portugueses imigrantes! É mesmo impressionante a nossa marca na Suiça.
Foi neste mercado de natal que provei a minha primeira iguaria suiça - a raclette. Optámos por pedir a versão pequena do prato (cerca de 6€), o que foi uma ótima maneira de experimentar o prato sem gastar um dinheirão.
DIA 2 - Genebra, Lausanne & Évian-les-Bains
Apesar de ter voado por Genebra, só ao segundo dia é que tive a oportunidade de conhecer melhor esta cidade. Infelizmente, neste dia o tempo estava bastante cinzento, e a neve estava já a derreter, por isso não era mega agradável andar pelas ruas molhadas. No entanto, tive a oportunidade de voltar a Genebra antes de regressar a Portugal, com sol, e por isso deixo também algumas fotos desse dia!
Estacionámos num parque coberto (bem caro), perto do lago. Daqui, pudemos imediatamente ver o ex-líbris da cidade - o Jet d’Eau (literalmente - jato de água), uma fonte enorme no lago. Espreitámos também o Jardin Anglais, onde se situava um mercado de natal, assim como o L’horloge fleurie (o relógio florido), que se encontrava coberto de neve.
A partir daqui, caminhámos em direção a outros pontos de interesse lá perto - a Place du Molard, a Catedral de St Pierre, a Place du Bourg-de-Four e a Universidade de Genebra.
Esta é uma cidade realmente grande, com mais atrações do que as que eu visitei, de certeza absoluta. No entanto, devo confessar que não a achei particularmente bonita, pelo que uma manhã foi suficiente para explorar e ficar satisfeita.
Daqui, pegámos no carro e partimos rumo ao CERN, mesmo à saída de Genebra. A única parte que é visitável é uma pequena exposição cujo tema é “De onde vimos? O que somos? Para onde vamos?”. É bastante interessante, e, em horas específicas, passa um mini-filme com uns efeitos visuais muito bons. No entanto, a exposição é mesmo pequena, pelo que não achei uma atração imperdível.
Depois de almoço, seguimos para a cidade de Lausanne. Aqui já não quisemos dar um balúrdio por um estacionamento subterrâneo, pelo que passámos pelo menos meia hora à procura de lugar… não foi fácil e na Suiça encontrar estacionamento barato é definitivamente uma dificuldade.
Deixámos o carro um bocadinho fora do centro da cidade, mas nada que uma boa caminhada não resolva. A nossa primeira paragem em Lausanne foi num café, para tomar um chocolate quente… e depressa nos apercebemos que tínhamos escolhido um estabelecimento português ao acaso! Chama-se "Bessa" e tem iguarias como bifanas e sandes de porco panado. É claro, os preços não têm nada a ver com os de cá… mas foi interessante ver como é que a nossa cultura está inserida num país que é tão diferente do nosso.
Nesta cidade, passeámos pela Place de la Palud, pela Place de la Riponne e visitámos ainda a Catedral de Lausanne. A catedral proporciona umas boas vistas sobre a cidade.
Encontrámos ainda um pequeno mercado na Place Saint-François, onde mais uma vez foi possível ver a presença portuguesa na Suiça - havia uma banca a vender vários petiscos típicos nossos, como rissóis, pão com chouriço e o clássico pastel de nata.
Para terminar o dia, regressámos a Évian-les-Bains. Era já de noite, mas as ruas estavam animadíssimas. É que no mês de dezembro, Évian oferece um evento único, uma espécie de festival natalício. Chama-se “Le Fabuleux Village des Flottins”, e é baseado numa lenda que dita que os flottins, pequenos seres fictícios, vêm a Évian todos os natais, juntamente com as suas esculturas de madeira. E que esculturas estas! Impressionantes, mesmo… Estão espalhadas por toda a vila, e dão-lhe imensa graça. Para além das esculturas, há muitas vezes música e espetáculos de fogo, assim como bancas com comida. Posso dizer que ficar em Évian e conhecer este festival foi uma das melhores partes desta viagem. Nunca tinha visto nada assim, e vale mesmo a pena!
DIA 3 - Gruyères & Berna
Começámos o dia com uma viagem até Gruyères - a terra do famoso queijo e um autêntico postal de natal. Tinha nevado imenso na noite anterior, pelo que a terrinha estava lindíssima, toda branca. Esta localidade é muito pequena, e todas as atrações estão muito perto umas das outras. Assim que se chega lá, não há que enganar: há um parque de estacionamento (pago, se não me engano) em que todos os turistas deixam os carros e depois é só subir uma colina a pé - Gruyères fica bem lá no topo.
À entrada da localidade, encontra-se uma pequena quinta com vários animais, como lamas, cabras e ovelhas. Muito fofos!
Passear no centro é encantador - muitas lojas pequeninas, um mercado de natal que corre a rua principal toda e existe ainda um miradouro muito fixe.
Para além disto, é aqui que fica o museu H.R.Giger, sobre um dos artistas de efeitos especiais do filme “Alien”. Não visitei, mas mesmo à frente do museu está um bar, o Giger Bar, que tem uma decoração espetacular e vale sem dúvida uma espreitadela!
Para terminar a visita, fomos ainda até ao Castelo de Gruyères, que oferece umas bonitas vistas.
Pegámos no carro e seguimos caminho até à capital suiça, Berna. Esta foi a única cidade que visitámos cuja língua oficial não é o francês. Em Berna, fala-se alemão.
Devo já dizer que adorei absolutamente esta cidade. Estava a nevar quando chegámos, o que ajudou na magia, mas de qualquer maneira, achei que era uma cidade mesmo gira, com edifícios bonitos. Tinha o encanto de uma terra pequenina, apesar de ser uma cidade grande. Tem imensas igrejas, catedrais e torres, tal como a Catedral de Berna e a Zytglogge.
Passear pelas ruas, especialmente pela Kramgasse, é também muito giro. Esta rua tem uma particularidade - há várias lojas que são subterrâneas, em caves, e o seu acesso é através de alçapões no chão.
Existem vários mercados de natal, e achei graça a todos. No entanto, houve um que claramente se destacou dos outros… não só pelo tamanho (era enorme), como pela sua beleza. Posso dizer que este, no jardim Kleine Schanze, foi o mais bonito que vi até hoje! Acabámos por jantar lá, salsichas alemãs. Caras, não há dúvida, mas souberam muito bem!
DIA 4 - Viagem de comboio cénica até Gstaad
E eis que chegamos ao meu último dia, o favorito de toda a minha família! Neste dia, fomos de carro até Montreux, para fazer algo que eu queria fazer há muito, muito tempo: uma viagem cénica de comboio! Esta viagem fez parte da linha de comboios GoldenPass, e tenho um guia sobre como preparar tudo aqui.
As condições climatéricas estavam perfeitas, e não foi por acaso que escolhemos aquele dia específico para ter esta experiência… tinha nevado a noite toda, por isso estava tudo repleto de neve, mas estava um sol incrível! Para além disso, era domingo, o que significa que podíamos estacionar de forma completamente gratuita em Montreux, algo que deu imenso jeito pois estivemos o dia todo fora.
Antes de apanhar o comboio, ainda fomos dar mais um saltinho ao passeio de Montreux junto ao lago, onde tínhamos estado três dias antes. Se já na altura achámos lindíssimo, da segunda vez então foi ainda melhor, pois estava completamente vazio.
Por volta das 9h, lá apanhámos o comboio rumo a Gstaad, uma pequena terra super bonita, conhecida pelos seus resorts de ski. No entanto, poucas expectativas tínhamos relativamente a Gstaad. Aqui aquilo que realmente nos interessava a todos era a viagem de comboio em si, uma rota cénica num comboio encantador. Na ida, fui num tipo de comboio que se chama GoldenPass Belle Époque, cujas carruagens têm uma decoração muito acolhedora e que remete ao passado. Na volta, fui no GoldenPass Panoramic, um comboio já com ar mais moderno, em que as carruagens são panorâmicas - ambos experiências espetaculares. Cada viagem durou cerca de 1h30.
As viagens de comboio, pelo menos entre Montreux e Gstaad, são mesmo bonitas, tão bonitas quanto aquilo que se vê nas redes sociais, o que não é habitual! É realmente algo imperdível, e que recomendo a toda a gente que vai à Suiça. Felizmente, mesmo que não optem por estes lados do país, há várias outras rotas cénicas espalhadas pela Suiça, que devem ser também muito boas.
Tal como referi, não havia imensas expectativas relativamente a Gstaad… mas surpreendeu-nos mesmo muito. É uma típica terra suiça, e com neve tem um encanto especial. É muito pequena, mas perfeita para caminhadas de inverno. No site de Gstaad há uma lista de caminhadas sugeridas para fazer na localidade, com todas as informações importantes e mapas. Fizemos esta, por ser circular e não ser muito demorada. E que caminhada foi! Vimos paisagens de neve muito bonitas, foi mesmo agradável e uma experiência diferente. Demorou menos de 1h, adorámos e recomendo mesmo a toda a gente que visite Gstaad!
Quando regressámos ao centro da povoação, decidimos ir a um café beber algo quente. Entrámos no “Cappuccino”, um sítio com bom aspeto e super acolhedor. Tinha um género de terraço, envidraçado e com aquecedores, onde nos sentámos. Aqui foi onde bebi o melhor chocolate quente da viagem e nem era mais caro do que nenhum dos outros que já tinha bebido! Valeu mesmo a pena e soube muito bem depois da caminhada e do frio que estava lá fora.
Regressámos a Montreux pouco depois, num comboio panorâmico. Antes de seguirmos para casa, demos outro saltinho até aos mercados de natal de Montreux e provei uma típica sandes de fondue de queijo, bastante boa - uma ótima maneira de terminar a viagem!
E que viagem foi! Tivemos natureza, cidade, neve, sol… foi super completa. Visitámos muito em pouco tempo, o que por vezes pode ser demasiado apressado, e eu de facto acho que há aqui cidades que têm muito para dar, e que pode valer a pena visitar durante mais tempo. Deu para ter uma visão do que o país tem para oferecer e fiquei com vontade de voltar, desta vez no verão!
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