Durante o ano em que vivi em Estocolmo, tive a oportunidade de viajar e conhecer outras cidades da Suécia. Uma delas é Kiruna, no norte do país, que faz também parte da lapónia sueca. Digo sueca pois a lapónia faz parte de 4 países, embora seja muitas vezes associada apenas com a Finlândia. Bem, com a Finlândia e também com o Pai Natal, pois toda a gente sabe que este vive, supostamente, no Pólo Norte. Aliás, um facto curioso é que existe uma “guerra” já há muitos anos entre três países da Escandinávia, a Suécia, a Finlândia e a Noruega, pois os habitantes de cada um deles gostam de acreditar que o seu país é a original terra do Pai Natal. A Suécia tem até uma cidade, chamada Mora, onde há um parque temático baseado no Pai Natal, chamado Santaworld.
Bem, em Kiruna não vi nenhum gordo de vermelho ou renas, mas vi muita, muita neve. Fui com uma amiga minha portuguesa de avião desde Estocolmo, porque Kiruna e a capital da Suécia ainda são bastante longe uma da outra - 15h de comboio. Fomos em pleno inverno, no início de Dezembro, e se eu achava que estava frio em Estocolmo, então em Kiruna… estava um completo gelo. Apanhámos -10ºC, o que foi bastante horrível, mas pelo menos já estávamos preparadas física e mentalmente para tal temperatura. Tal como em Estocolmo, em Kiruna anoitecia muito cedo naquela altura, mas em vez de termos 6h de luz solar, como na capital, tínhamos apenas 1h, e mesmo assim pouca diferença fazia entre o dia e a noite!
Normalmente para visitar a lapónia costuma fazer-se tours, mas nós só fomos passar lá uma noite, pelo que planeámos nós próprias tudo acerca da viagem. Não queríamos gastar muito dinheiro - no fundo, só queríamos ver muita neve, conhecer um bocado da lapónia e, quem sabe, ver as auroras boreais.
Infelizmente, apenas conseguimos fazer duas das três coisas que mencionei. Vimos muuuuita neve e visitámos Kiruna, podendo ficar com uma ideia de como é a vida no pólo norte, mas no dia que lá passámos estava nevoeiro, pelo que ver as auroras tornou-se impossível. Por esta razão, recomendo que se um dia fizerem uma viagem com esse intuito fiquem pelo menos três noites, para ter mais hipóteses de ver este fenómeno natural. Mesmo assim, conheci pessoas na Suécia que ficaram uma semana inteirinha na lapónia e não conseguiram ver nada e outras que foram apenas um dia e tiveram alguns vislumbres, pelo que se trata de uma questão de sorte, essencialmente.
Mesmo sem as auroras boreais, gostámos muito desta viagem de um só dia. Tivemos a oportunidade de ver uma realidade diferente daquela a que estávamos habituadas - porque apesar de eu já viver na Suécia naquela altura, Estocolmo e Kiruna são cidades muito distintas em vários aspetos. Estocolmo tem muitos prédios, muita gente, muita vida. Mesmo quando está frio, há gente na rua, no metro, em todo o lado. Kiruna estava completamente deserta. Quando chegámos, em pleno início de tarde, estava já super escuro e não se via uma alminha na rua. A maior parte dos estabelecimentos estavam fechados, exceto cafés ou restaurantes.
Já para não falar do clima. Eu queixei-me muito do tempo de Estocolmo, mas em Kiruna é tudo muito mais no extremo. Está muito mais frio, muito mais escuro e muito mais neve! Eu adoro neve, e adorei ver neve na lapónia, porque o manto branco cobre mesmo tudo. As estradas, os passeios, as casas - esteve sempre tudo tapado pela neve, e ficava mesmo lindo!
Esteve quase sempre a nevar, mas isso não nos impediu de partir à descoberta. Como estávamos em Dezembro, haviam muitos enfeites de natal pela rua e nas casas à nossa volta, o que contribuiu para aumentar a beleza da cidade. Para além disso, a arquitetura sueca é mesmo bonita, e isso vê-se especialmente em sítios mais rurais como Kiruna, que tem muitas casas de madeira.
Em termos de atrações da cidade, apenas fomos até à Igreja de Kiruna - outro perfeito exemplo de arquitetura espetacular. Fiquei mesmo deslumbrada com a sua beleza, apesar de a ter visto durante a noite, pois naquela altura do ano não há grande escolha.
Comida & Bebidas
FIKA BY SPIS - Fomos a este café grande e agradável lanchar e descansar um pouco. Muito simpático, com doces tipicamente suecos, embora um pouco caros.
The Bishop Arms - Um pub com imensa variedade de bebidas, ao qual fomos para, maioritariamente, aquecer um pouco e beber qualquer coisa.
Arctic Thai & Grill - Com preços acessíveis e boa comida asiática, foi este o local que escolhemos para jantar. Recomendo - é bom, rápido e não faz esvaziar a carteira!
Na lapónia sueca, há muito para fazer e muitos sítios lindos para visitar. Existe o famoso IceHotel e a localidade de Abisko, mais afastada da cidade e da poluição luminosa, por exemplo. Quis manter esta viagem curta e low-cost, mas existem imensas atividades que se podem fazer no norte do país e que devem ser mesmo espetaculares, de inverno. De verão, bem, a cidade deve ser igualmente incrível. Cheia de sol e de vida, 24h por dia. O fenómeno natural popular nesta altura do ano é o sol da meia-noite, que embora não seja tão famoso como as auroras boreais, deve ter, certamente, o seu encanto.
Ir à lapónia é, sem dúvida, uma experiência diferente e que recomendo a todos. Com um bom casaco e calças térmicas, o frio aguenta-se bem - só tenham cuidado para proteger todas as extremidades e, se utilizarem muitas camadas, tirem-nas sempre ao entrar em algum estabelecimento, porque nos espaços interiores é tudo muito quente, e a diferença térmica é perfeita para criar constipações. De resto, é aproveitar, divertir e fazer anjinhos na neve!
Durante o meu ano de estudos na Suécia tive várias oportunidades de ir para fora do país e visitar sítios nos quais nunca tinha estado antes. A primeira destas viagens, cerca de 2 meses depois de chegar a Estocolmo, teve como destino Trento, em Itália.
Trento é a capital da província autónoma de Trento, que faz por sua vez parte da zona sul do Tirol, chamada Trentino-Alto Ádige. Fica a cerca de 2h do aeroporto mais próximo, Aeroporto de Bergamo, e é a terceira cidade mais populosa dos Alpes, estando apenas precedida por Grenoble, em França, e por Innsbruck, na Áustria. Este último facto foi algo que descobri posteriormente, e surpreendeu-me bastante. Trento é o tipo de cidade que parece quase uma vila - não em termos de tamanho, mas em termos de ambiente. Os dias que lá passei, apesar de terem sido atarefados e repletos de confusão, deixaram-me a ideia de que a cidade era calma e tranquila. É claro que isto também se pode ter devido ao facto de que Trento é rodeado por montanhas, e aquela natureza toda e paisagem espetacular é automaticamente associada, para mim, com paz e harmonia.
Não fui eu que escolhi ir a Trento. Na realidade, não sabia nada sobre a cidade antes de ter os bilhetes de avião na mão. Fui a Trento participar num evento organizado pelo programa de estudos em que estava inscrita, no qual também compareceram estudantes de vários sítios da Europa de programas semelhantes. O objetivo deste evento era fazer com que nos conhecêssemos uns aos outros, formássemos mais ligações internacionais e nos desafiássemos com as atividades propostas. Estas atividades passavam por formar grupos com pessoal de outras universidades e criar ideias, desenvolvendo-as em propostas e apresentações. Também passavam por festas, noitadas e tempo livre para explorar a cidade.
Estou a escrever este post porque nunca uma cidade me surpreendeu tanto como Trento. Já visitei locais que considero espetaculares, mas tinha feito bastante pesquisa sobre estes de antemão e já sabia o que esperar. Desta vez, como foi tudo organizado por uma entidade que não eu, o que eu associava à viagem resumia-se a isto: “Itália, calor, comida”. O que, sinceramente, era mais do que suficiente para mim. Pensar em comer uma boa pizza e usar t-shirts na rua era um sonho só por si.
Por isso, quando comecei a passear pelas ruas na manhã seguinte à minha chegada e me deparei com uma enorme e linda montanha à minha frente… wow. Fiquei completamente de boca aberta. Já tinha visto montanhas antes, claro, mas nunca assim. Nunca tão perto e tão grandes e tão bonitas. Eram os alpes. Eu estava mesmo ao pé dos alpes e era arrepiante! Sempre gostei de montanhas mas só naquela viagem me apercebi o quanto. É que as fotografias não fazem mesmo justiça à perfeição que aquele cenário é. Fiquei logo ali uns bons minutos parada, plenamente transfixa naquilo que tinha à minha frente.
Estive três dias em Trento, e nunca me consegui habituar àquela beleza estonteante. Os meus dias eram passados essencialmente a trabalhar mas quando saía da sala e dava de caras com as montanhas… era como se fosse a primeira vez. Tive quase um dia inteiro para explorar a cidade em si, e aqui deixo as minhas sugestões:
Visitar a Piazza del Duomo. A probabilidade de passar por aqui, mesmo que não se planeie, é grande. A praça, onde também está a Catedral de Trento, fica localizada no centro da parte velha da cidade e não consegue passar despercebida. Um local muito bonito, renovado ao longo dos anos.
Visitar o Castelo de Buonconsiglio. Só vi o castelo por fora, e valeu a pena. Com uma arquitetura gótica, é um edifício muito bonito, que enriquece a cidade. Não é por acaso que é uma das principais atrações para os turistas. Definitivamente um sítio que precisa de conhecer, se estiver por Trento.
Subir a Doss Trento. Esta é uma colina que proporciona vistas espetaculares sobre a cidade e subi-la é fácil e não demora muito. Foi, sem dúvida alguma, aquilo que mais gostei de fazer em Trento, e só tive pena de a aventura não ter durado mais. No topo da colina existe um monumento dedicado a Cesare Battisti, um escritor e ex-ativista de Trento, o Cesare Battisti Mausoleum.
Passear pela cidade. Trento é lindo e a melhor maneira de ver e experienciar a cidade na sua plenitude é caminhar pelas ruas, observar a vida, as casas, a natureza à volta. Aconselho a passear perto do Rio Ádige e a tirar fotografias da Ponte de S. Giorgio, que tem umas vistas muito bonitas.
Visitar o MUSE. O MUSE é um museu de ciência bastante conhecido e um dos locais que gera mais interesse em Trento. Não o visitei, por falta de tempo, e tenho pena. É um museu muito interativo e ideal para os mais novos.
COMIDA
As refeições foram-nos sempre asseguradas pela organização, exceto o último almoço. Para além deste, comi fora mais uma vez, porque me deu a fome antes de dormir e fiz os meus amigos virem comigo (de pijama) a uma pizzaria ali perto. Não encontrei o nome da pizzaria, infelizmente, mas sei que ficava perto do meu hotel, o Hotel Everest. O último almoço foi feito num restaurante chamado Sapori Mediterranei. A comida estava excelente, mas os preços são um pouco altos. Pedi bruschetta, em parte porque era das coisas mais baratas do menu. O prato estava ótimo, mas era pequeno, e embora não tenha ficado com fome, fiquei com vontade de comer outro!
Quando vi o meu primeiro almoço durante esta viagem, quase que comecei a salivar. Tinha tantas saudades de uma boa comidinha italiana, que é muito mais parecida à portuguesa do que a sueca… O queijo, o presunto, a massa… juro que estou a ficar com fome só de escrever isto. São raras as refeições que me sabem tão bem como aquela me soube! Eu gosto de cozinhar, mas, daquela vez, saber que não tinha cozinhado para preparar aquela refeição só fez com que a comida me soubesse melhor. É que na Suécia era tudo muito caro, e era raríssimo comer fora, por isso estava mesmo a sentir a falta disto!
Infelizmente não tive oportunidade de explorar a cidade como queria, por falta de tempo livre, mas a verdade é que esta viagem me proporcionou momentos incríveis e me permitiu criar memórias que vou guardar comigo para sempre. Conheci pessoas de todo o mundo e fiz amizades que ainda hoje se mantêm. Saí da minha zona de conforto e diverti-me imenso. E, um dos meus aspetos favoritos da viagem: comi bem, muito e de graça! ;)
Numa das minhas viagens deste verão decidi ir acampar ao Gerês com amigos. E como não podia deixar de ser, decidimos ocupar uma tarde a fazer um dos lindos trilhos que existem neste parque nacional. Depois de alguma pesquisa, escolhi o Trilho da Preguiça - maioritariamente porque é curto, circular e passa por duas bonitas cascatas.
O Trilho da Preguiça tem cerca de 4km e, ao contrário do que encontrei em alguns sites, é médio e declivoso - não é fácil, pelo menos se o fizerem do início ao fim. Existem três tipos de percursos - o longo, o médio e o curto. No entanto, todas as sinalizações são feitas para o percurso longo, pelo que se não tiverem algum tipo de mapa à mão, torna-se complicado saber para onde ir no percurso médio ou curto.
Sendo assim, fizemos o percurso longo. Demorámos cerca de 3h, com muitas pausas para descansar e tirar fotografias. Tendo em conta que muitos de nós não tinham grande preparação física e houve subidas um pouco complicadas no início do trilho, acho que não demorámos muito. O trilho está bem marcado, no geral, exceto no caminho entre o Rio Gerês e a Cascata de Leonte, em que a sinalização desaparece durante um bom bocado e nos fez questionar se estávamos a ir pelo caminho certo. Todo o trilho tem muita sombra, o que foi algo agradável, visto que estava sol e calor.
O Trilho da Preguiça começa mesmo junto ao Miradouro da Preguiça. Existe estacionamento mesmo antes, ao pé da Casa da Preguiça, e também um pouco abaixo, que foi onde deixei o carro. Começámos por subir ao miradouro e apreciar as vistas.
De seguida, iniciámos o trilho junto à placa que o sinaliza. Durante uns minutos descemos pela mata, mas, infelizmente, isto durou pouco e depressa começámos aquela que foi a etapa mais complicada e, sinceramente, mais desinteressante do trilho - uma subida íngreme que durou quase 1h.
Esta parte do caminho não deixa de ter o seu encanto, estando sempre rodeada de vegetação e fazendo-me sentir uma calma e tranquilidade que só a natureza consegue proporcionar. Ao nos cruzarmos com a Ribeira da Laja pela primeira vez, aproveitámos para encher as nossas garrafas com a água que lá corria - cristalina, fresca e sem qualquer sabor.
Chegando finalmente ao topo, começamos a descer e a aproximar-nos da estrada. Cruzamo-la apenas da segunda vez em que estamos na sua berma e iniciamos assim a melhor parte do trilho, onde se situam as cascatas e os caminhos são mais largos e menos declivosos.
Rumo à Cascata de Leonte, passamos pela Ribeira da Cantina, pelo Curral e pelo Rio Gerês. Todo o percurso até aqui está bem sinalizado, deixando de haver marcas a partir deste ponto e até à Cascata de Leonte. No entanto, não é difícil seguir o caminho, mesmo sem sinalização.
Chegamos à Cascata de Leonte. Embora seja alta e imponente, não dá para grandes banhos, servindo apenas para refrescar um pouco. No entanto, ninguém tem qualquer queixa - é bonita e grandiosa, enriquecendo em muito o trilho.
Voltamos para trás, até ao Curral. Entre o Curral e a Ribeira da Cantina situa-se uma passagem, à direita, que conduz até à Cascata da Laja. Há sinalização, mas recomendo que façam esta porção do caminho com mais cuidado para não se enganarem.
A Cascata da Laja estava um pouco mais seca do que a Cascata de Leonte, mas não deixou de ser encantadora à sua maneira, com o seu envolvimento natural e a ponte de madeira que atravessa a ribeira e nos leva até à parte final do trilho.
Seguimos mais um pouco e rapidamente chegamos à Casa da Preguiça, terminando a aventura, cansados mas muito felizes e vitoriosos. Missão cumprida!
Gostei muito do trilho e quero sugeri-lo a quem passe por aquela zona. Foi desafiante, no início, mas valeu a pena, sem dúvida alguma. No entanto, se tiverem pouco tempo ou se simplesmente se quiserem focar nas cascatas, aconselho a não fazerem o percurso longo, e em vez disso começarem o caminho na zona onde se cruza a estrada - a partir daí os acessos são muito mais fáceis, tendo subidas menos exigentes e permitindo ver as cascatas, que são o ex-libris do Trilho da Preguiça.
Para terminar o meu verão de 2020 em grande, eu e mais quatro amigos da faculdade decidimos ir explorar uma parte do nosso país que nenhum de nós conhecia - o Parque Nacional Peneda-Gerês. Depois de fazer tanta praia este ano (muito mais do que é costume), apetecia-me estar no meio da natureza, do verde, das árvores, dos rios. E foi mesmo isso que aconteceu. O Gerês conseguiu exceder as minhas expectativas com a sua beleza natural, as cascatas incríveis, trilhos para os mais aventureiros e vistas fenomenais. Desde o momento em que lá meti os pés que soube que ia adorar a viagem e não me enganei!
Este roteiro é de 4 dias, apesar de ter lá passado um total de 5. Isto é porque o primeiro e último dia foram passados essencialmente em viagem e a arrumar/desarrumar tralha, pelo que não os aproveitámos como deve ser. No entanto, acabámos por ver duas zonas das quais gostámos muito, e por isso decidi incluí-las no post. Deixo a dica de combinarem aquilo que vi no primeiro e último dia em um só, porque vale a pena!
ALOJAMENTO
Ficámos alojados no Lima Escape, também conhecido pelo Parque de Campismo de Entre Ambos-os-Rios, localizado numa península dos rios Lima e Tamente. Fizemos campismo numa grande tenda com três quartos e gostámos da experiência. O parque é pequenino mas muito agradável, cheio de sombras, árvores altas e com vista para o rio. As casas de banho são muito limpas e têm sempre papel higiénico (o que, com a minha experiência, é raro). Os preços também são bastante acessíveis, principalmente tendo em conta a localização privilegiada do parque, mesmo à entrada do Gerês. É também um sítio perfeito para ver as estrelas, ao cair da noite.
VIAGEM
Levei o meu carrinho e, com alguma dificuldade, coubemos lá os 5, juntamente com o material de campismo, mochilas e comida que levámos de Coimbra. Fartei-me de conduzir, em média 2h por dia, porque, como ficámos sempre no mesmo parque, tivemos que voltar para lá ao final da tarde todos os dias. Para além disso, os pontos de interesse que quisemos visitar eram, por vezes, um pouco distantes uns dos outros. Apesar disto, a roadtrip correu bem, até porque as estradas no Gerês têm boas condições, no geral, apesar da existência de muitas curvas apertadas e com pouca visibilidade. O importante é ter cuidado e ir devagar.
ITINERÁRIO
DIA 1
Este dia foi passado quase todo em viagem. Não saímos propriamente cedo de Coimbra, pelo que entre chegar ao parque, montar tendas e comer, eram já umas 17h30 quando partimos à descoberta. Decidimos ficar perto e visitar apenas uma cascata, a Cascata Ermida, perto de Germil. Fica a cerca de 15 minutos do parque de campismo, mas para lá chegar devemos ter demorado uns 45, e a culpa é totalmente nossa. O caminho e os miradouros são tão bonitos, que não conseguimos evitar parar para apreciar a paisagem e tirar dezenas e dezenas de fotos.
Ao chegar à cascata, que tem também um poço para nadar, ficámos de boca aberta. É tudo mesmo muito bonito e o sol de fim de tarde a bater na água só melhorava a cena. Acabei por não ir dar um mergulho e passei o tempo a saltitar entre pedras e observar tudo à volta. Quando a sombra se apoderou do local, voltámos para trás para ir cozinhar o jantar junto à tenda que seria a nossa casa nas próximas 4 noites.
DIA 2
Começámos o dia em Arcos de Valdevez. Lá conseguimos encontrar um lugar para estacionar sem pagar e fomos a pé até à Praça Municipal, com o Pelourinho e a Igreja Matriz. Seguimos para o Relógio de Água, do qual gostei, especialmente da criatividade por trás da sua construção. Fomos até à Ponte Velha, um dos principais pontos de interesse da vila e um sítio muito bonito - parece um autêntico postal.
Partimos rumo à Ponte Medieval de Vilela, desta vez de carro. A ponte atravessa o Rio Vez e este é um local de início e fim de vários trilhos - a maioria deles passam pelo nosso próximo destino - Sistelo.
Sistelo é uma aldeia que foi considerada, em 2017, uma das 7 maravilhas de Portugal. Não é difícil perceber porquê - a aldeia em si é muito bonita, e o seu envolvimento natural lindíssimo. Existem vários miradouros com vistas incríveis nas redondezas e, depois do nosso almoço de sandes de omelete pelo caminho, optámos por visitar o Miradouro da Estrica.
Estava nevoeiro nesse dia pelo que não conseguimos ver as paisagens como queríamos, mas a verdade é que eu decidi ir a Sistelo no primeiro dia precisamente porque o tempo estava mais cinzento e fresco. A razão por trás disto é simples - iríamos tentar fazer um trilho, e queria que o fizessemos sem calor, para ser mais fácil.
O trilho que iniciámos chama-se Trilho das Brandas do Sistelo, e muitos dizem ser um dos mais bonitos do Gerês. Infelizmente começámos tarde, pelo que não tivemos oportunidade de o terminar. Fizemo-lo até um pouco menos de metade, até à aldeia de Padrão, e depois voltámos para trás. No total, fizemos entre 5 a 6 km, ida e volta. O trilho começa no centro de Sistelo e tem algumas marcas mais gastas, sendo importante ir sempre com atenção. Gostei muito daquilo que vi do trilho. Há uma subida um pouco demorada, mas com vistas muito bonitas, pelo que vale a pena. A aldeia de Padrão, com as suas casinhas típicas de montanha e os espigueiros de Sistelo também é lindíssima - mas se tiverem medo de cães vão com cuidado, porque há lá imensos, muito fofos, mas fartam-se de ladrar!
Regressámos assim ao carro, que tínhamos deixado perto do centro de Sistelo, e fizemos a viagem de 40 minutos até ao parque, sem deixar antes de passar por um Lidl para comprar carne para fazer uma grelhada mista para o jantar.
DIA 3
Este foi o dia mais cheio e ocupado de todos. Fomos primeiro ao Castelo de Lindoso, que fica mesmo ao lado dos Espigueiros de Lindoso. Para entrar lá dentro paga-se, dando acesso a um museu, mas não achámos necessário e ficámo-nos só pelas muralhas, que nos proporcionaram vistas lindas sobre o rio Lima. O castelo é imponente, bonito e gostei bastante de lá ir!
De seguida, fomos à Barragem do Alto-Lindoso, lá próximo. Nunca tinha observado uma barragem de tão perto e penso que escolhi uma particularmente interessante, com a paisagem natural envolvente a enaltecer a beleza do local.
Atravessámos a ponte e partimos em direção ao Miradouro Meandros do Lima. O caminho não permite que cheguem carros mesmo perto do miradouro, pelo que tive de deixar o meu na berma da estrada. Aventurarem-se pelas ruas muito apertadas numa tentativa de arranjar estacionamento um bocadinho mais próximo é uma coisa que não recomendo (cometi esse erro). O miradouro em si proporciona vistas bonitas, mas devo confessar que o Miradouro do Lindoso, que fica mesmo depois da barragem, e antes do de Meandros do Lima, parece conseguir oferecer um quadro ainda mais belo. Só não parei lá porque tem apenas lugar para um carro, e já estava ocupado.
Seguimos para o Poço Negro de Soajo. Um pouco antes do poço haviam carros estacionados, pelo que, a medo de não haver estacionamento mais perto, deixei também aí o meu automóvel. Existe uma passagem para as rochas nesse local e por aí descemos. O problema é que… o poço não ficava nesse sítio e apesar de estar muito perto, a cerca de 6 minutos a pé, a verdade é que com a quantidade de rochas pelo caminho, demorámos quase 2h a fazer o trajeto. Tínhamos de fazer o caminho com cuidado, porque algumas pedras não estão bem presas e outras são escorregadias. Não recomendo!
Sentimo-nos um bocadinho idiotas quando, ao chegar ao poço, reparámos que haviam imensos carros estacionados à entrada, e tínhamos feito aquele caminho todo desnecessariamente. Foi uma aventura, é claro, e correu tudo minimamente bem, o que é importante. Ficámos com uma história para contar e vimos sítios bonitos, sem praticamente ninguém!
O poço em si era lindo. Estava um pouco cheio, mas mesmo assim encontrámos lugar sem grande dificuldade. A água era cristalina, de uma cor incrível e fria que dói. Mas, com o calor que nós tínhamos depois de ter estado ao sol durante aquele tempo todo, entrámos com poucas hesitações e o banho soube-nos pela vida!
Depois de estarmos uma hora a descansar, partimos para os Espigueiros de Soajo. Aí ficámos também a saber que a Serra do Soajo, onde nos situávamos, é uma das serras mais altas de Portugal.
Fomos depois espreitar o Baloiço do Mezio, tão popular ultimamente, como muitos outros baloiços do país. Estava apinhado de gente, com uma fila de cerca de 20 a 30 minutos para tirar foto no baloiço. Estávamos a ficar sem tempo por causa da nossa anterior aventura, e por isso decidimos ir só dar uma olhadela, sem nos metermos na fila. O baloiço é grande e fica num sítio muito bonito. Fiquei com alguma pena de não tirar lá fotos, mas, para ser sincera, não estava com grande paciência para esperar, quando tinha tanto mais para ver.
Demos um saltinho também às Lagoas da Travanca, lá perto. Não queríamos tomar banho, pelo que não saímos dos passadiços, mas mesmo daí conseguimos apreciar a beleza deste local. Recomendo muito visitarem: tem fácil acesso, estacionamento e não deixa de ser tão bonito como qualquer poço do gerês!
Era já final de tarde quando partimos rumo ao Santuário da Nossa Senhora da Peneda. Fica um pouco longe do sítio onde estávamos, mas é um local do qual eu não conseguia abdicar visitar, e ainda bem que segui os planos até ao fim. O santuário é lindíssimo! Rodeado por montanhas, num sítio um pouco remoto e com uma escadaria infindável - tudo isto contribui para aumentar a sua beleza. Adorei mesmo visitar o santuário, mesmo que apenas por fora, e sinto que este é um daqueles locais que valem completamente a pena, ainda que seja preciso fazer um desvio para lá chegar.
A caminho do santuário, passámos também pelo Miradouro do Vale da Peneda. Mais bonito ainda é um outro miradouro lá perto (se vierem do sul, fica antes do miradouro do vale da peneda), do qual se vê o rio!
DIA 4
No último dia inteiro que tivemos no Gerês fomos até à Mata da Albergaria. Esta é uma das zonas mais populares do parque e fica a cerca de 1h de carro do nosso parque de campismo. O caminho mais rápido até lá chegar passa por Espanha, pelo que ainda fui abastecer o carro no nosso país vizinho.
Começámos por estacionar o carro mesmo antes da entrada da mata e fomos até à Cascata da Portela do Homem a pé. Durante os meses de verão paga-se 1.5€ por viatura para entrar na Mata da Albergaria, mas, para quem quer ir apenas a esta cascata, o estacionamento mais perto é ainda fora da mata.
A Cascata da Portela do Homem é linda de morrer. O caminho até lá chegar tem algumas pedras, e é difícil manter os pés secos, pelo que recomendo que calcem os chinelos de dedo no inicio da travessia, para não molharem os ténis desnecessariamente.
Este é sem dúvida um dos locais mais populares do Gerês, e um dos mais bonitos que vi. Era domingo quando lá fui, pelo que estava um pouco cheio, mas a verdade é que é maior a quantidade de pessoal que vai até lá só para tirar umas fotos do que aquele que fica para tomar banho. É que a água é gelada e não é para todos, apesar de ter uma cor linda!
Seguimos para o carro e entrámos na Mata da Albergaria. No entanto, voltámos a sair uns minutos depois, pelo outro lado. É que o nosso próximo destino fica mesmo à beira da mata - o Miradouro da Preguiça.
Deslocámo-nos até este miradouro porque não queríamos sair do Gerês sem ter completado um trilho, e é nesse local que começa o Trilho da Preguiça - de cerca de 4.5km, que passa por duas cascatas bonitas: a de Leonte e a de Laja. Partilharei detalhes sobre essa aventura no meu próximo post!
Adorámos fazer o trilho, ainda que nos tenha custado um bocadinho. Terminámos o dia cansados e esfomeados, e depressa nos apressámos até ao parque de campismo, para tomar um banho e seguir para o jantar!
Jantar
Restaurante Lobo - Este era um dos poucos restaurantes perto do nosso parque, e foi uma excelente escolha para o grupo. Pedi bitoque e estava ótimo. Houve quem tivesse pedido costeletão e um vinho branco da casa, que estava igualmente delicioso. Recomendo muito a quem estiver pela zona! É um sítio simpático, com bom atendimento, comida com qualidade, preços muito acessíveis e, aquilo que nestes dias é importante: muito distanciamento social entre mesas!
DIA 5
Estivemos ocupados em desmontar a tenda e arrumar as coisas no carro durante toda a manhã. Fomos depois almoçar a Ponte de Lima, uma das vilas mais antigas de Portugal.
Almoço
McDonald’s de Ponte de Lima - Eu sei que é um simples McDonald’s, mas a verdade é que o atendimento foi tão rápido e ficámos tão impressionados com a qualidade, que não podia deixar de mencionar isso aqui!
Ficámos a passear por Ponte de Lima durante umas horas, explorando uma feira que lá estava nesse dia e visitando o Largo de Camões e a Ponte Romana. Depois disso, lá tivemos de dizer adeus ao norte e à nossa aventura e iniciámos a viagem de volta para Coimbra.
Escusado será dizer que adorei esta viagem. O Parque Nacional Peneda-Gerês é realmente um dos nossos tesouros com mais valor e tem imenso por explorar. Vi apenas uma parte do parque, pois optei por passar mais tempo nos sítios, não mudar de alojamento, e não fazer muitas horas de carro. Mesmo assim, sinto que vi várias coisas a correr, porque realmente há demasiado para visitar. Existem mais cascatas, poços, miradouros e outros locais super populares no Gerês que provavelmente encontrarão noutros roteiros. Não os fui ver por uma questão de tempo e distância, mas fiquei com uma enorme vontade de o fazer. Talvez numa próxima ocasião, e desta vez com a minha família, que ficou roída de inveja ;)
Para terminar, quero só deixar um especial agradecimento aos meus amigos por tirarem fotografias tão giras, pois o post não seria a mesma coisa sem o seu contributo!