Cápsula do Tempo, 2015 // Grécia: Atenas e cruzeiro pelas ilhas gregas
E heis que chega a vez de falar sobre uma das minhas viagens favoritas de sempre, e a viagem favorita da maior parte da minha família: uma ida à Grécia, em que tivemos a oportunidade de conhecer a capital, Atenas, e de fazer um cruzeiro por algumas ilhas gregas e ainda por um cantinho turco.
Para começar bem a nossa viagem, e em verdadeiro espírito de aventura da família, fizemos uma escala de 7 horas em Roma, antes de seguir caminho. Chegámos por volta das 22h, e depressa nos instalámos na parte do aeroporto que está aberta 24h por dia. Como nós estavam muitos outros viajantes, sentados nas poucas cadeiras que haviam a dormir sob a sua mala de viagem, ou mesmo deitados no chão, a usar mochilas como almofadas. Levámos panados de Portugal para não morrer à fome, e ainda bem que o fizemos - os preços da comida na única máquina disponível eram assustadores.
Mesmo com todo o desconforto, a boa-disposição reinava, até para aqueles de nós que não pregaram olho a noite toda, como eu, a minha mãe e a minha tia. Há pouca coisa que consegue eliminar o entusiasmo que uma pessoa sente no início de uma viagem, e ali tudo parecia divertido, especialmente já perto da hora de embarque, em que nos sentíamos super cansados e só nos conseguíamos rir.
Ao chegar a Atenas apanhámos o metro (já agora, um dos metros com melhores condições e mais limpos que já vi) e, passando por imensos gatos (porque esta cidade tem uma quantidade rídicula deles na rua), em 45 minutos estávamos no nosso hostel, a dormir durante umas boas duas horas para repôr a energia. Assim que acordámos, pedimos indicações e fomos dar a um restaurante lá perto para almoçar. A comida era ridiculamente boa e os preços eram ridiculamente baixos. Estava um sol espetacular, uma temperatura incrível, e sentíamos-nos, finalmente, de férias.
Passámos a tarde a descobrir a cidade, passando por diferentes templos, indo ver o pôr-do-sol a um monte que proporcionava vistas espetaculares, e passeando pelas ruas livremente. Atenas dá muito uma sensação de relaxamento, sem pressas. Há sempre música a tocar na rua, assim como o barulho das cigarras, e parece que todas as pessoas pelas quais passamos estão completamente tranquilas, sem stresses, a andar devagar de um lado para o outro. Adorei este ambiente e achei uma coisa muito própria da cidade.
Atenas é uma cidade que tem imenso para visitar, desde o Túmulo do Soldado Desconhecido, em frente ao Parlamento Grego, com soldados da Guarda Presidencial trajados em fardas históricas, até à famosa Acrópole. Tem imensos museus, templos e, sobretudo, história, particularmente interessante para os interessados em mitologia grega.
Depois de passarmos uns bons dias na capital grega e provarmos alguns pratos típicos, como Moussaka (não fiquei grande fã), começámos a segunda parte da viagem, e aquela que realmente iria ser uma completa novidade para nós - fazer um cruzeiro.
Nunca tinha feito um cruzeiro antes, e não estava com muitas expectativas. Sabia, antes de embarcar, que tinha ficado bastante barato, e por isso todos nós esperávamos algo pequeno, sem quaisquer luxos a bordo. No entanto, assim que entrámos no barco, ficámos muito surpreendidos, pela positiva. Primeiro, era muito maior do que o que imaginávamos, e levava imensa gente. Era tudo muito organizado e eficiente - até um cartão eletrónico personalizado tínhamos. Ficámos num dos quartos mais baratos, abaixo do nível do mar, mas foi super tranquilo. O quarto era pequeno, para 4 pessoas, mas havia um bom aproveitamento do espaço, e acabava por ser acolhedor. Haviam duas pequenas piscinas no convés, imensas espreguiçadeiras e entretenimento o dia e a noite toda. Quer fossem aulas de línguas, jogos no casino, concertos, ou workshops de esculturas em fruta… havia de tudo, era só escolher.
Em termos de comida, tínhamos buffet incluído, exceto bebidas, sendo ao todo servidas 4 refeições por dia - pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar. A comida era ótima e o espaço muito agradável. No primeiro dia lanchei tanto e fiz tantas misturas, devido ao meu entusiasmo, que fiquei bastante mal-disposta e andei por Mykonos à procura desesperadamente de casas-de-banho.
Foi essa a nossa primeira paragem: Mykonos, ao final da tarde. É uma ilha bonita, com as suas casas brancas, ruas apertadas e o ambiente festivo que se vive à noite. Estava imenso vento, algo característico da ilha, mas andava-se bem de t-shirt e calções na rua, mesmo já tarde.
Todas as noites no barco eram noites de espetáculo, e por vezes até nos eram oferecidas bebidas grátis. Lembro-me perfeitamente da primeira noite, em que houve uma performance de dança e canto em que cada música simbolizava um país diferente. Foi algo que adorei, e gostei também do facto de que, durante todas as noites em que lá estive, nunca houve repetição de espetáculos.
Passámos no dia seguinte por Kuşadası, uma terra turca em que nos fartámos de correr os vendedores de rua, porque são mesmo imensos e vendem de tudo, devido ao elevado turismo. Não estivemos muitas horas nesta cidade, pelo que acabámos por só dar uma vista de olhos.
Neste cruzeiro ficámos também a conhecer Rhodes, uma ilha na qual fizemos praia, o que foi espetacular… Realmente as águas são lindas, e nesta ilha até havia uma grande prancha no meio do mar, o que fez da nossa tarde muito divertida.
Fizemos também um bocadinho de praia em Patmos, mas quase nada, pois ficámos lá muito poucas horas. Creta foi a ilha seguinte, e, apesar de ser a maior ilha grega e estar tão associada à mitologia, foi uma surpreendente desilusão, pois não achei particularmente bonita nem muito interessante.
E para terminar este cruzeiro, fomos, como não podia deixar de ser… a Santorini. A famosa ilha grega que me correspondeu totalmente às expectativas. É realmente um pequeno paraíso na terra, não importa o ângulo. Há 3 maneiras de subir ou descer à ilha: de teleférico, de burro ou a pé. Eu subi de teleférico, mas desci a pé. Descer foi uma autêntica aventura, porque descemos pelo mesmo caminho dos burros, e eles ocupam o espaço todo… pelo que há sempre aquele risco de levarmos com um coice a qualquer momento. Felizmente, não foi o caso, e regressámos ao barco impecáveis.
Em Santorini passeámos e sentámo-nos numa das lindas, mas caras, esplanadas que proporcionam uma bela vista sobre o mar. Valeu mesmo a pena, e foi um dos momentos que mais me ficou na memória de toda a viagem.
O cruzeiro deixou-nos em Atenas às 7h da matina, e tínhamos voo para regressar nessa mesma noite. Isto significava que, para aproveitar o dia que tínhamos livre, precisávamos de deixar os nosso malões e mochilas em algum lado. Infelizmente, o hostel em que tínhamos ficado uns dias antes não oferecia nenhum serviço nesse sentido, e por isso passámos umas boas horas na vizinhança a sondar todos os hotéis, hostels e estabelecimentos duvidosos na esperança de que nos ajudassem a resolver este problema. Fomos rejeitados imensas vezes, até que vimos a luz ao fundo do túnel - um hostel, se é que assim o podemos chamar, a cair de podre, que nos alugou um quarto por uma módica quantia de 20 euritos para podermos lá deixar as malas durante o dia.
Estivemos dentro do hostel uns 10 minutos, mas foi o suficiente para querermos sair de lá a sete pés. Era só gente com mau aspeto, um cheiro que não se podia, janelas dos quartos partidas… e para melhorar, quando abri a porta do elevador, este nem estava lá, estando preso entre andares. Levar uma mala gigantesca de rodas pelas escadas não era opção, pelo que fui eu a escolhida da família e, muito a medo, lá me meti dentro do elevador e rezei para que não morresse na curta viagem até ao segundo andar. Cheguei sã e salva até ao quarto assustador em que íamos deixar as malas, e depois de pagarmos, lá nos metemos na alheta.
Estivemos o dia todo a fazer piadas sobre sermos roubados, mas a verdade é que a nossa sorte não nos abandonou e correu tudo bem. Lá fomos para o aeroporto, com imenso tempo de sobra para variar, mas, como já é costume com esta família, ficámos tão focados em “matar o tempo” e comer e beber antes de passar pelo controlo das malas, que depois nos atrasámos e tivemos que correr pelo aeroporto fora para chegar a tempo do voo… um clássico.
Fizemos novamente escala em Roma, mas desta vez um pouco mais longa, pelo que decidimos alugar uma carrinha de 9 lugares e ir dormir mesmo à cidade, num apartamento como deve ser. Estávamos todos simplesmente estafados, mortos completamente, e por isso jantámos no restaurante mais próximo do alojamento. O meu pai ainda nos levou a dar uma volta de carro pela cidade, porque não o fazer seria um desperdício, mas a verdade é que eu estava com uma tremenda dificuldade em manter os olhos abertos, tal era o meu cansaço. Lembro-me apenas da minha mãe me chamar muito insistentemente para ver o coliseu, eu abrir os olhos muito a custo, ver de relance, e voltar a cair no sono.
Na manhã seguinte estávamos já todos cheios de energia, e, para aproveitar a culinária italiana, comemos um gelado depois do pequeno-almoço, às 10h da manhã, terminando assim uma viagem simplesmente incrível.
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