Marraquexe // Roteiro de 2 dias
O meu primeiro contacto com África foi em 2022, na caótica cidade de Marraquexe. Não sabia bem o que esperar, mas no final da viagem a minha questão era só uma: “porque é que demorei tanto tempo a vir aqui?”.
É tudo barato: voos, alojamento, comida, transportes. É tudo interessante: as pessoas, as ruas, os cheiros, os sons, as cores. E, especialmente, é tudo diferente. Marraquexe conquistou-me e sei que um dia irei lá voltar. Enquanto não o faço, recordo neste post, com saudades, os dois dias que passei nesta cidade.
Dia de chegada
Cheguei a Marraquexe ao final da tarde e fui imediatamente levada para o hotel por um transfer que tinha reservado. O meu hotel ficava dentro da Medina, que é a parte antiga da cidade. É definitivamente onde recomendo ficarem - muito caótico, mas muito autêntico!
A caminho do hotel, passei por inúmeras motas, minúsculas, que ultrapassavam largamente o limite máximo de passageiros. Nunca tinha visto nada assim - havia motas com famílias de 4! Para não falar do trânsito, que é extremamente desorganizado.
No entanto, foi só ao chegar à Medina que percebi o quão caótico Marraquexe é realmente. Fiquei chocada, não vou mentir. Estava tudo a acontecer ao mesmo tempo e sentia-me perdida. Foi o meu maior choque cultural, mas nada que não tenha passado ao fim de umas horas! O ser humano tem realmente uma grande capacidade de adaptação.
Quando saímos do hotel para ir jantar, estava já escuro. Decidimos ir até à praça principal de Marraquexe, a Praça Jemaa el-Fna, que está sempre cheia de movimento e muitos sítios diferentes para comer.
Sei que já usei esta palavra várias vezes neste post, mas… a praça era caótica. Tanta gente, tanto barulho e luzes. Sentámo-nos no primeiro restaurante que vimos e, enquanto comíamos, observávamos toda a confusão.
JANTAR
Snack Toubkal - Esta foi apenas a primeira de várias refeições que fizemos neste restaurante. Ficámos mesmo fãs. A esplanada era fixe, mesmo em cima da praça. A comida era boa - não foi a melhor que provámos, mas o preço era excelente! Acho que nunca pagámos mais do que 3€ por um prato neste restaurante!
Comer ali e observar as pessoas foi um bom exercício: ajudou-nos a habituar ao ambiente sem estarmos demasiado envolvidos. No final da refeição, estávamos já muito mais à vontade e seguimos novamente para o hotel, com uma nova disposição.
Dia 1
Começámos o dia com um delicioso pequeno-almoço do hotel. De seguida, com as energias repostas, caminhámos rumo à Place des Ferblantiers. Junto a essa praça, demos de caras com um pequeno mercado interior, que visitámos.
Seguindo pelas ruas cor-de-laranja da cidade, chegámos ao primeiro highlight da viagem: o Palácio da Bahia. Infelizmente, a entrada é paga e bem paga (70dh, cerca de 7€). O palácio em si é bonito, mas vê-se muito rápido. Não me arrependo de o ter visitado, mas não o faria novamente.
Passámos o resto da manhã a passear pelas ruas, até chegar ao restaurante onde iríamos almoçar.
ALMOÇO
Fine Mama - Tinha visto alguns blogs a recomendarem este restaurante, e é de facto bom. Tem um terraço muito fixe, a decoração é gira e a comida é saborosa. No entanto, não é um restaurante propriamente típico, é bastante ocidental, e não era bem o que eu procurava!
Da parte da tarde, fomos visitar a Praça Jemaa el-Fna, desta vez à luz do dia. Estava bem menos confusão, mas continuavam a haver imensas pessoas - turistas, e habitantes locais a tentar vender coisas a turistas. Estas “coisas” vão desde sumos naturais a tatuagens de henna… nunca esquecendo também a típica exploração animal, que infelizmente está muito presente. Nesta praça, vão sem dúvida ver vários macacos, vestidos com roupa de bébé e acorrentados pelo pescoço, com quem poderão tirar fotografias a troco de umas moedas. Veêm-se também cobras em cestos, que “dançam” enquanto os seus donos tocam flauta.
Devo mencionar que, apesar de nunca ter tido nenhum problema com qualquer pessoa em Marraquexe, esta praça é um local onde há alguns roubos, especialmente à noite, por causa de toda a confusão.
Para além disto, quero também alertar que os vendedores conseguem ser extremamente persistentes (muito mais do que na Turquia, por exemplo). Por vezes, bastava eu estar a olhar na direção de um certo produto, mesmo que por breves instantes, para virem logo a correr atrás de mim a tentar negociar. Isto é normal, apesar de se poder tornar um pouco irritante. Na minha opinião, o importante é ter calma e recusar com um sorriso no rosto.
Depois de passearmos pela praça, seguimos para uma das minhas partes favoritas de Marraquexe: os souks. Os souks, ou mercados, são ruas labirínticas cheias de pequenas lojas onde se pode encontrar de tudo um pouco. Tal como o resto da cidade, é uma grande confusão, mas é super interessante! Aqui, comprei uma mala de couro, umas sandálias de pele, um cesto bordado e imensas especiarias! Tudo muito típico, e tudo em conta.
Dentro dos souks, quero salientar a pequena praça Rahba Lakdima, super colorida!
É também no meio de todas estas ruas estreitas que fica a Medersa Ben Youssef, uma escola islâmica histórica, super bonita. Tal como o Palácio da Bahia, paga-se entrada, mas achei que desta vez valeu bem a pena.
Para terminar o dia, voltámos à Praça Jemaa el-Fna, desta vez para nos sentarmos num rooftop e comer qualquer coisa.
JANTAR
Café de France - Este restaurante proporciona umas vistas incríveis sobre a praça, especialmente no último andar de todos. Para comer, pedi uma pequena tarte típica marroquina - a Pastilla. Uma combinação de frango com canela, uma delícia! Recomendo muito.
Dia 2
O segundo dia começou com uma visita ao Jardin Majorelle. Este jardim é realmente belo, e vale totalmente a pena visitar, apesar de ser caro (cerca de 15€). É uma atração muito turística, pelo que recomendo comprarem os bilhetes online. Foi o que fiz, e ainda bem! Quando cheguei, estava uma fila enorme e eu não tive de esperar nem um minuto para entrar.
É importante mencionar que o Jardin Majorelle fica um pouco distante da Medina, pelo que a melhor solução é mesmo apanhar um táxi até lá. É sempre muito barato, só sugiro que cheguem a um acordo de preço antes da viagem começar, para não serem burlados.
Depois de uma longa visita ao jardim, e de várias sessões fotográficas, partimos a pé para uma zona que não é muito visitada por turistas: Gueliz, a parte moderna da cidade.
Os contrastes entre a pobreza que se vê na Medina e a riqueza da parte mais desenvolvida de Marraquexe são muitos. Há muito menos confusão e pessoas, as ruas estão sem dúvida mais limpas. Aqui, há imensas lojas de roupa. Entrei numa Zara, por curiosidade, e fiquei surpreendida ao perceber que os preços são bem superiores aos preços das mesmas peças de roupa aqui em Portugal… sendo que o nível de vida não se compara.
No geral, penso que ir a Gueliz não é imperdível, mas foi algo que me ajudou a perceber melhor Marrocos.
Voltámos novamente para dentro da Medina, e optámos por almoçar num dos restaurantes mais famosos da cidade: Nomad.
ALMOÇO
Nomad - Sem dúvida o restaurante mais caro de todos. A comida era boa, mas nada de incrível! O ambiente é muito fixe e o serviço é impecável.
Da parte da tarde tivemos uma experiência bastante única: fomos a um hammam. Um hammam, originalmente, é um sítio onde se tomam banhos públicos, associado com a religião islâmica. Mais tarde, este conceito começou a ser associado com o spa, um sítio para relaxar e limpar impurezas.
Hoje em dia, os hammams são muito procurados, especialmente por turistas. Estes hammams mais populares proporcionam experiências de luxo, com banhos e exfoliações privadas, assim como massagens.
No entanto, aquilo que eu procurava era uma experiência mais autêntica, que se assemelhasse ao que os locais fazem, e que não fosse algo exclusivo para os turistas.
Na internet, encontrei o que procurava: o Hammam Mouassine, um sítio meio escondido, super tradicional e barato, essencialmente visitado por locais. Marquei reserva por e-mail, quando ainda estava em Portugal.
Quando cheguei, ninguém falava praticamente nada de inglês, ou sequer de francês. Isto, é claro, indicou-me logo que estava no sítio certo. Depois de pagar, e através de muitos gestos e palavras desconhecidas, lá percebi que era suposto tirar toda a minha roupa e seguir as mulheres, que me iriam levar para uma sala onde me iriam fazer o tratamento.
O tratamento divide-se em duas partes: a primeira é uma exfoliação super profunda e a segunda é uma curta massagem para relaxar.
A exfoliação é feita publicamente, numa sala onde estão mais pessoas a fazer o tratamento. À medida que és exfoliada, dão-te também um banho com uma esponja e água de um balde. É uma experiência que pode ser sem dúvida desconfortável, e não é para todos. Não se pode ter grandes vergonhas ou nojo… para se aproveitar, a mente tem de estar completamente aberta.
A massagem, por outro lado, é numa sala mais pequena, com apenas mais uma pessoa. Depois do tratamento estar concluído, os clientes têm ainda direito a um chá de menta.
Gostei bastante da experiência. Não saí de lá particularmente relaxada ou a sentir-me como “nova”, como secalhar estaria à espera, mas foi um momento super diferente e autêntico, que enriqueceu muito a minha viagem.
Para terminar o dia, voltámos a jantar no Snack Toubkal, que mais uma vez não desiludiu.
Adorei Marraquexe, e acho que é uma cidade imperdível em Marrocos. No entanto, quero salientar que uma viagem a esta zona do país deve ser combinada com uma tour de um ou dois dias ao deserto ou às cascatas de Ouzoud, para que seja possível ter uma visão mais abrangente do que Marrocos pode oferecer!