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Bora lá Viajar!

"Traveling – it leaves you speechless, then turns you into a storyteller"

Sex | 24.09.21

Turquia // Transportes, comida & dicas!

Joana Lameiras

Balões na Capadócia.jpg

 

Passado um ano e meio do início da pandemia, finalmente saí do país! Fui para nem mais nem menos do que a Turquia, um país que eu já queria visitar há imensos anos e que sempre me fascinou bastante. Passámos dois dias e meio em Istambul e voámos depois para a Capadócia, passando lá um dia e meio a visitar. O plano pode parecer simples, mas foi sem dúvida a viagem mais complexa que já organizei. Fiz imensas viagens de avião e de carro, mudei os planos aproximadamente 1000 vezes durante a viagem, fui a zonas da Turquia onde praticamente não falam inglês e o COVID dificultou-me mesmo muito a vida… mas explico isso mais tarde!


Aquilo que mais interessa aqui é que apesar de ter sido uma viagem que envolveu 3 noites a dormir 4 horas ou menos, uma viagem com imensos percalços, aventuras e choques… foi sem dúvida alguma uma das melhores viagens da minha vida. Adorei a Turquia. Amei. Fiz tudo o que queria, experienciei culturas diferentes como nunca tinha experienciado, vi coisas que me deixaram boquiaberta, desde mesquitas impressionantes a paisagens naturais únicas no mundo. Não consigo recomendar mais explorar este país. 

 

plane.png   Viagens de avião

Tal como disse, durante esta viagem andámos muito de um lado para o outro. A Turquia não é propriamente próxima de Portugal e por isso há poucos voos diretos para Istambul e aqueles que há são, normalmente, muito caros. Por essa razão, escolhemos ir num voo com escala em Frankfurt, da Lufthansa. Custou cerca de 200 euros por pessoa ida e volta, o que é um preço bastante bom, tendo em conta a média habitual em época alta. Enquanto que um voo direto dura cerca de 4h40, os nossos dois voos até Istambul duraram um total de 5h50. Saímos do Porto às 6h da manhã e chegámos a Istambul por volta das 16h, visto que há uma diferença de fuso horário de Portugal para a Turquia de mais duas horas.

Dentro da Turquia, viajámos de Istambul para Kayseri de avião. O nosso destino final era, na realidade, Göreme, a capital da Capadócia, mas a pequena cidade não tem aeroporto e Kayseri fica a apenas 1 hora de distância de carro.  É possível fazer o trajeto de Istambul a Göreme de autocarro, mas dura cerca de 10h, e não queríamos estar a gastar esse tempo. Para além do mais, os voos internos são bastante baratos (20-25 euros, por aí), e duram só 1h15. A companhia aérea escolhida foi a Turkish Airlines e o voo foi mesmo confortável, pois o avião até tinha ecrãs onde podíamos ver filmes e séries à nossa escolha. 

O Aeroporto de Kayseri é o segundo aeroporto mais próximo da Capadócia, sendo o primeiro o Aeroporto de Nevşehir. No entanto, a diferença de tempo entre ambos os aeroportos e Göreme é apenas de 20 minutos, pelo que não é muito significativa.

Para regressar a Portugal, marcámos estes três voos na ordem contrária.

 

Voo.jpg

 

trem.png   Transportes

Durante esta viagem, andámos de praticamente todos os meios de transporte possíveis. A pé, de carro, autocarro, avião, metro, barco e até de balão! Em Istambul, o nosso meio de transporte principal foi a pé, tendo andado apenas de barco e metro para atravessar o Bósforo, um estreito que marca os limites da Europa e da Ásia na Turquia. Na Capadócia, andámos a pé e de autocarro (numa tour), para além da viagem de balão. 

Em qualquer uma das cidades, os aeroportos ficam bastante longe do centro. Para além disto, não há praticamente transportes públicos com ligação ao aeroporto, ou, se há, exigem muitas trocas de autocarros. Tendo em conta que o roaming na Turquia é caro que dói, viajar assim e sem internet tornar-se-ia extremamente confuso. Por essa razão, a minha maior recomendação é sem dúvida falarem com o hotel onde irão ficar e marcar um transfer. Normalmente não é muito caro, tendo em conta a distância a que o aeroporto fica do hotel (no nosso caso em Istambul, 45 euros por 4 pessoas, 74km!) e compensa pois descomplica muito o processo de chegar até ao alojamento.

Para andar de transportes públicos em Istambul, sejam eles barco, metro ou autocarro, recomendo a compra de um Istanbulkart. Para o comprarem é necessário ajuda, sem dúvida alguma, pois o processo é confuso. Recomendo dirigirem-se a uma estação de metro, ou à zona de Eminönü, onde ficam as paragens de autocarro. Aqui poderão encontrar pessoas dispostas a ajudar - e se realmente não virem ninguém, dirijam-se a um dos quiosques ali perto, que vos darão uma mãozinha de certeza. Estes cartões são vendidos nos quiosques, por um preço relativamente barato, mas depois da compra, é ainda necessário ativar o cartão, mandando mensagens a um número turco. É nesta parte que é realmente preciso ajuda, pois o processo não está nada claro e mandar uma mensagem de um número português na Turquia não é barato. Assim que isto estiver concluído, é muito fácil fazer o carregamento dos cartões. Cada viagem são 4 liras turcas (cerca de 40 cêntimos) e os cartões podem ser carregados tanto nos quiosques como nas máquinas para esse efeito. De salientar que nas máquinas é apenas permitido o carregamento de múltiplos de 5, pelo que se já souberem exatamente quantas viagens vão fazer com o cartão, pode compensar carregá-lo através do quiosque!

 

fork.png  Comida

A Turquia é bastante conhecida pela sua gastronomia. Durante a minha estadia tive a oportunidade de provar imensos pratos diferentes. No geral, achei a cozinha um bocado forte, com temperos que por vezes me davam a volta ao estômago. No entanto, há pratos absolutamente deliciosos! O meu favorito foi a sopa de lentilhas. Provei muitas sopas de lentilhas diferentes enquanto lá estive e nunca houve uma que desapontasse. É mesmo uma coisa muito típica e que vale a pena provar.

 

Sopa de lentilhas.jpg

 

Também adorei absolutamente o pão turco, tipo pita. Tão saboroso! Um facto interessante sobre a Turquia é que é o país com maior consumo de pão por pessoa do mundo! Para além disto, a Turquia é também o país com maior consumo de chá por pessoa (sim, ainda maior do que o Reino Unido!) e por isso é muito comum ver pessoal a beber chá, especialmente chá preto. No entanto, o chá que mais gostei de beber no país foi um chá de menta e limão que nunca vi à venda em Portugal, delicioso.

 

Chá turco.jpg

 

Outro prato que adorei foi o Gözleme, um pão recheado muito bom. Provei várias combinações de recheios, mas a que mais gostei foi a com carne, batata e espinafres. Delicioso! Também provei com queijo apenas e achei bastante mais enjoativo.

 

Gozleme.jpg

 

Quanto às delícias turcas, gostei de alguns sabores! Relativamente ao baklava, o doce mais típico da Turquia, estava com imensas expectativas porque adoro pistáchio, mas achei demasiado doce.

 

Doces turcos.jpg

 

Os kebabs são também muito típicos da Turquia, mas não os achei incríveis. Também provei manti, um género de raviolis turcos, mas não adorei. Algo que realmente adorei foram as pides, umas pizzas turcas mesmo deliciosas!

 

Pide.jpg

 

As entradas também são boas, normalmente compostas por pão e molhos (de iogurte, de pimentos e carne, e outros que nem sei o que eram mas estão mais do que aprovados).

Uma coisa com que fiquei muito surpreendida em Istambul foi a falta de supermercados. Não vi um único! É claro que isto pode ter sido apenas falta de atenção (e provavelmente foi), mas isso não nega o facto de que Istambul é realmente uma cidade na qual as pessoas comem muito fora. E a verdade é que os preços dos pratos são bastante baixos, quando comparados com restaurantes portugueses. Por isso mesmo optei por comer sempre fora durante a minha viagem, algo que não é de todo típico eu fazer.

Ia super preparada para comer em Istambul, com uma lista extensa de restaurantes para experimentarmos. Infelizmente, a falta de internet fez com que não fosse a quase nenhum deles, acabando por comer simplesmente naqueles que me chamavam mais a atenção no momento. A maior parte das vezes isto correu super bem! No meu roteiro de Istambul vou lá deixar todos os nomes dos restaurantes a que fui e as minhas opiniões sobre o que lá comi.

 

Dicas (e covid!)

Viajar para a Turquia não é exatamente como viajar para União Europeia, por várias razões. A diferença mais óbvia é, claro, a necessidade de passaporte. Para além disto, a moeda da Turquia é a lira turca, e apesar de euros serem aceites em grandes mercados como o Grand Bazaar, é sem dúvida necessário liras turcas para sítios mais pequenos. Nós não levámos liras de Portugal, apenas levantando no próprio país o dinheiro. No entanto, não sei até que ponto é que essa foi a melhor estratégia, pois a maior parte das máquinas para levantar dinheiro exigem o pagamento de uma taxa de conversão. A maior taxa que vi foi 10% e a menor foi mesmo 0%. No entanto, a maioria das caixas de multibanco exigem uma taxa de cerca de 6%.

Uma das outras enormes diferenças entre a Turquia e o nosso país é o facto de 98% da população turca ser muçulmana. O facto de uma maioria tão avassaladora dos cidadãos seguirem o islamismo significa que dificilmente se encontram igrejas católicas neste país, tendo a maioria sido convertidas para mesquitas há muitos, muitos anos. Significa também que 5 vezes ao dia ouvem-se orações muçulmanas (chamadas salás) por todo o país (há colunas de som em TODO o lado). É claro que isto é que torna o país tão interessante! No entanto, devo avisar que uma das salás, que com certeza ouvirão, é ao alvorecer - ou seja, as 5h-6h da manhã. Sofri muito com essa, porque não passava uma noite sem eu acordar com essa oração.

Por causa do islamismo, algo que é necessário trazer para a Turquia são lenços. Lenços de tecido, com os quais se possam cobrir a cabeça, ombros e pernas, pois as mulheres não podem mostrar as pernas, ombros e cabelo dentro das mesquitas, e os homens não podem mostrar pernas nem ombros. À entrada de muitas mesquitas existe por vezes alguém a disponibilizar lenços e, mesmo que não esteja lá ninguém, há imensas lojas de rua a vender coisas do género já para este efeito. De qualquer maneira, achei melhor trazer os meus próprios lenços e recomendo a fazerem o mesmo! Nas mesquitas é também proibido entrar de sapatos, pelo que há imensas prateleiras à entrada para os metermos lá. No entanto, o que eu escolhi fazer foi trazer sacos de plástico para meter os sapatos e levá-los comigo, pois achei muito mais seguro. Recomendo também a fazerem isto.

 

À frente de uma mesquita.jpg

 

Um pequeno facto interessante com que me deparei enquanto estive na Turquia é que em muitas casas de banho públicas não há sanitas - apenas um “buraco” no chão para as mulheres fazerem as suas necessidades, como está na foto abaixo. Sabia da existência deste sistema em alguns países asiáticos, mas não fazia ideia de que em Istambul, ainda pertencente à Europa, também era hábito casas de banho deste género. Achei este sistema bastante prático para fazer necessidades em casas de banho públicas! No entanto, nos hotéis / alojamentos há sempre sanitas, o que é ótimo.

 

Casas de banho turcas.jpg

 

A seguir, é importante ter a noção de que a Turquia é um país um bocado desorganizado. Pude verificar isto em várias ocasiões: primeiro de tudo, o processo para comprar o cartão dos transportes públicos em Istambul foi uma completa confusão. Depois, na zona asiática da cidade, é quase impossível perceber onde apanhar os autocarros, e quais são os números dos autocarros, para além de onde e como podemos pagar pela viagem. Mas a maior prova da desorganização da Turquia foi mesmo quando eu testei positivo para o COVID… desde informações incoerentes sobre absolutamente tudo, até à própria base de dados turca dizer que quem tinha COVID não era eu, mas sim o meu pai (que nem teste fez)!

E já que estamos no tópico do COVID, é também importante saber que é possível entrar na Turquia com o certificado europeu de vacinação, de testagem (PCR ou antigénio) ou de recuperação. Alguns hotéis podem pedir também este certificado, apesar de não me ter acontecido. O único outro sítio onde me pediram certificado foi na entrada da Torre de Gálata, em Istambul.

Quero também salientar uma coisa: nem toda a gente usa máscara na Turquia, como acontece em Portugal. Não falo só de pessoas que estão na rua, mas também de empregados de restaurantes, de pessoal dentro de mesquitas. É necessário realmente ter muito cuidado na Turquia, mesmo que estejam vacinados. A prova viva disso sou eu.

Para regressar a Portugal, é também necessário o certificado, logicamente. Para aqueles que necessitam de teste, não há qualquer problema - apenas peçam o teste ao hotel onde estão a ficar e o alojamento trata de tudo por vocês! Provavelmente até vos farão o teste no próprio hotel, como aconteceu comigo. Na Turquia não existe comparticipação de testes antigénio, como em Portugal, mas estes também não são caros. Aliás, a mim até me fizeram o teste PCR, tendo eu pago apenas 18.5 euros por ele!

Para terminar, a Turquia é um país significativamente mais barato do que Portugal. Nota-se isto especialmente nos alojamentos (se se souber escolher bem), assim como na comida nos restaurantes! Esta é uma grande vantagem de fazer férias na Turquia, mas não se deixem enganar pelos sítios mais turísticos. Podem parecer baratos à primeira vista, mas por vezes vem pouca quantidade de comida e a qualidade não é por aí além. O importante é ver onde o pessoal local come e evitar os restaurantes coladinhos às mesquitas.

E, não se esqueçam, o pessoal turco é todo mega simpático. Toda a gente está muito disponível para ajudar - desde pessoal de construção civil que não fala uma palavra de inglês mas nos oferece chá preto na rua aos funcionários dos hotéis, sempre prontos para arranjar as melhores soluções para o que lhes pedimos. Por isso, se estiverem perdidos ou tiverem dúvidas ao andar pela Turquia… não hesitem em perguntar às pessoas! Vão ser provavelmente recebidos com toda a simpatia.

 

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Turquia - Transportes, comidas e dicas.png