Cápsula do Tempo, 2009 // Roadtrip por Itália
Como é que vos soa uma roadtrip por 8 cidades italianas durante 11 dias em pleno Agosto? À minha família soou mesmo bem e por isso, em 2009, metemos mochila às costas e partimos num avião até Pisa, a famosa cidade com nome de comida e com a torre inclinada mais conhecida do mundo.
Foi em Pisa que alugámos uma carrinha de 9 lugares para saltitar entre cidades e explorar uma parte do país, substituindo os carros que tínhamos deixado em Coimbra. Foi também em Pisa que comemos a nossa primeira pizza italiana, que naturalmente mudou a nossa perceção do que é uma boa pizza para sempre… tanto que era difícil passar um dia sem comer uma. Durante aqueles 11 dias os nossos almoços eram essencialmente sandes, pizza, massa ou lasanha, e os nossos jantares eram feitos no parque de campismo, com o fogão a gás que nos dava imenso jeito, numa altura em que ter eletricidade a fazer campismo não era algo nada habitual. Não posso deixar também de mencionar que comíamos sempre um gelado por dia… porque nem podia ser de outra maneira.
Foi precisamente numa gelataria que encontrámos aquilo que iria ser, sem dúvida alguma, o destaque da viagem: uma máquina na qual se inseria uma moeda, mas em vez de cair um chocolate, ou um boneco, caíam… dentaduras. Dentaduras hilariantes, pelas quais tanto eu como a minha irmã e as minhas primas nos apaixonámos, e, obviamente, não parámos de usar em momento algum durante a viagem, assustando por vezes o pessoal que passava por nós, o que era a comédia total. Poupo-vos às fotografias porque aquilo não era coisa bonita de se ver.
Aproveitámos a nossa estadia em Pisa para dar um saltinho a Livorno e ir à praia, provando pela primeira vez as águas maravilhosas de Itália. Estava sempre dentro de água, a não ser nos momentos em que vislumbrava uma alforreca… nos quais fugia a correr com medo de ser picada. Haviam realmente imensas, e grandes, devido às altas temperaturas, mas tive sorte de nunca ter um confronto direto com nenhuma delas.
A próxima paragem foi a linda Roma, capital do país. Desmontámos todas as tendas, fizemo-nos à estrada e passado cerca de 4h, lá estávamos nós, numa cidade gloriosa e muito, muito quente. É disso que me lembro melhor, do calor. Estava tão quente que se compravam garrafas de água com gelo lá dentro, para encostar à cara e aos braços até derreter o suficiente para a conseguirmos beber. E deixem-me dizer-vos que não demorava muito tempo até isso acontecer... Estava realmente insuportável, especialmente num dia específico em que decidimos andar num daqueles autocarros de 2 andares, cujo segundo andar não tem teto. Isto, é claro, resultou em muito tempo sob o sol, a esturricar lentamente. A nossa salvação foram uns vendedores de rua que passaram pelo autocarro e decidiram tentar fazer negócio e vender-nos uns chapéus de sol estilo sombrinha chinesa. Com o nosso desespero, rapidamente demos o dinheiro, do cimo do nosso autocarro, e recebemos os chapéus, de lá de baixo, que nos protegiam bem mais do que os nossos bonés.
Em Roma fizemos tudo o que em Roma se faz. Fomos até ao Coliseu, pedimos um desejo na Fonte de Trevi (o clássico: ganhar o euromilhões), visitámos o Vaticano, passando pelos seus museus, pela Capela Sistina e pela Basílica de S. Pedro (e esperámos muuuuito tempo na fila para entrar), entre outras coisas.
De Roma voltámos para o norte, desta vez até Siena. Esta cidade diferenciou-se bastante da anterior porque é significativamente menos turística, mas não deixa de ser encantadora, com as diferentes praças e basílicas. Foi em Siena, mais precisamente na Piazza del Campo, que fomos a uma das muitas maravilhosas gelaterias italianas. Esta, no entanto, destacou-se por ter sabores super incomuns, como figo e ricotta. Infelizmente, o meu eu de 11 anos estava apaixonado por chocolate (como sempre estarei…) e recusava-se a pedir qualquer outro sabor. Olhando para trás, sei que perdi imensas oportunidades, mas espero poder compensar e provar todos os sabores diferentes que existem em Itália num futuro próximo!
Subimos mais um bocadinho e fomos dar a Florença, a cidade favorita da minha mãe pelos seus fatores medievais e a encantadora Ponte Vecchio. No entanto, nem tudo foi um mar de rosas e, apesar de ser a maior defensora do campismo, às vezes há situações mesmo chatas, até em Itália… como estar a chover torrencialmente e nós termos de esperar no carro durante horas até o temporal abrandar um bocadinho para conseguirmos montar as tendas sem ficarmos todos constipados.
A seguir veio Veneza - sem dúvida a cidade da qual me lembro melhor, e a de que mais gostei. Não só me lembro da cidade e dos seus canais, como também me lembro de andar de gôndola, uma experiência encantadora. Esta é uma daquelas cidades em que uma pessoa está sempre de queixo caído. Para além disto, uma das minhas maiores recordações foi uma aventura que eu e o resto das miúdas tivemos no parque de campismo, que nos marcou até hoje. O parque onde estávamos era enorme, com umas piscinas olímpicas, e um dia, ao brincar nestas, avistámos lá ao longe um parque infantil onde não havia ninguém, mas tinha um escorrega enorme. Sem dizer nada aos nossos pais, lá fomos nós todas animadas, sem saber o que nos esperava… subimos ao escorrega e só depois de eu escorregar é que nos apercebemos que tínhamos de facto companhia - um enorme enxame de abelhas, nada felizes por estarmos a invadir o seu espaço. Eu ainda tive sorte, e escapei a tempo, mas a minha prima levou umas 5 ou 6 picadas na mão, o que não foi nada divertido para ela. A mão estava tão inchada que parecia um autêntico desenho animado, tal e qual a mão do Mickey!
Depois de Veneza, partimos para Verona, onde ficámos pouco menos de um dia. Passeámos, fomos a casa de Julieta, da famosa peça Romeu e Julieta, e tocámos no seio esquerdo da sua estátua, como não podia deixar de ser - dizem que dá sorte, e de facto, depois disso, comemos uma pizza deliciosa ali perto. Se bem que com a quantidade de pizzarias incríveis que há em Itália, não sei se lhe chamaria sorte…
E assim chegamos ao final desta viagem, ao visitar Milão, durante o final do dia. Da cidade em si não vimos grande coisa, pois já estava quase tudo fechado quando chegámos, mas passámos lá umas boas horas a deambular na rua até à meia-noite, mais coisa menos coisa. Algo que a minha família faz várias vezes é marcar voos para horas esquisitas, de madrugada, pois tendem a sair bastante mais baratos, e muitas vezes permitem-nos aproveitar mais do nosso destino sem pagar uma noite extra. Esta vez foi um perfeito exemplo disso - tínhamos voo às 4h da manhã no aeroporto de Bérgamo, e por isso estávamos a queimar tempo até à nossa hora chegar, para podermos regressar a casa, exaustos mas felizes.
A Itália é realmente do melhor que a Europa tem para oferecer. Acho que não há nenhuma cidade italiana que desaponte, porque todas têm o mesmo ar, o mesmo ambiente, o mesmo estilo de ruelas e cheiros e alegria. E, no entanto, todas têm imenso para ver, diferentes pontos de interesse que se destacam uns dos outros. Visitar Itália é uma experiência única, e recomendo a 100% explorarem novas cidades de carro, assim como acampar nos parques de campismo incríveis que o país tem - não se vão arrepender, e foi uma das melhores experiências que tive até hoje.
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